Ex-diretor da Agetran confirma proximidade com Consórcio, mas nega favorecimento
Janine explicou que sua empresa foi contratada pelo Consórcio Guaicurus três anos antes de assumir cargo
Na tarde desta segunda-feira (19), o ex-diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine de Lima Bruno, foi ouvido durante oitiva da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Transporte Público de Campo Grande. Em seu depoimento, confirmou que prestou serviços ao Consórcio Guaicurus entre 2013 e 2014, mas negou ter favorecido a empresa durante o período em que comandou a Agetran.
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O ex-diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, prestou depoimento na CPI do Transporte Público de Campo Grande. Durante a oitiva, confirmou ter prestado serviços ao Consórcio Guaicurus entre 2013 e 2014, mas negou favorecimento à empresa durante sua gestão na agência, iniciada em 2017. A comissão apontou problemas como a idade avançada da frota, com 197 veículos operando fora do limite prudencial, e redução de aproximadamente 100 ônibus durante sua gestão. Bruno defendeu seu trabalho, citando melhorias implementadas, como semáforos inteligentes e um Centro de Controle de Mobilidade Integrada, mas admitiu insuficiência no número de servidores.
Os vereadores Maicon Nogueira (PP) e Luiza Ribeiro (PT) questionaram o vínculo mantido com o Consórcio. Janine explicou que, por cerca de um ano, sua empresa foi contratada para promover o equilíbrio entre as entidades que compõem o Consórcio Guaicurus.
Disse ainda que foi convidado a assumir a direção da Agetran devido ao seu currículo técnico, que, segundo ele, “é muito bom”. Janine assumiu o cargo em 2017, durante a gestão do ex-prefeito e atual vereador Marcos Trad (PDT), e reiterou que, enquanto esteve à frente da agência, não houve favorecimento ao Consórcio.
Um dos temas destacados pelos vereadores foi a idade da frota de ônibus em circulação na Capital. O presidente da CPI, vereador Lívio Viana (União Brasil), afirmou que, de acordo com levantamentos da comissão, cerca de 197 veículos operam fora do limite prudencial, de 10 anos para ônibus convencionais e 15 para articulados.
Janine declarou que a responsabilidade por fiscalizar a idade da frota é da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), enquanto à Agetran cabe apenas a elaboração de relatórios sobre os veículos, tarefa realizada sempre no início de cada ano.
Durante a oitiva, o ex-diretor adotou um tom de defesa e ressaltou que desempenhou bom trabalho na agência. Disse que, ao assumir a Agetran, encontrou a estrutura “destruída” e iniciou sua gestão praticamente do zero, conseguindo implementar melhorias como rotatórias, semáforos inteligentes e um Centro de Controle de Mobilidade Integrada (CCI), com sistema de fiscalização que, segundo ele, “vale mais que 100 homens”. No entanto, admitiu que o número de servidores é insuficiente para atender à demanda de uma cidade como Campo Grande.

Ao ser questionado sobre a fiscalização da superlotação nos ônibus, Janine afirmou não se lembrar se o Consórcio chegou a ser multado por esse motivo. Também minimizou o problema, dizendo que não há superlotação, pois “não tem gente pendurada”, como ocorre em outras cidades. Segundo ele, a fiscalização é feita na saída dos veículos dos terminais e, caso seja constatado excesso de passageiros, outro ônibus é enviado, e acrescentou que é normal haver passageiros em pé.
Durante sua gestão, encerrada em abril de 2024, ocorreram cortes de linhas, horários, além da retirada de veículos executivos e articulados de circulação. Ao responder sobre essas mudanças, Janine afirmou que a pandemia trouxe sérios impactos ao transporte público, com redução no número de usuários, e que as medidas foram pensadas para evitar o aumento da tarifa.
Ele explicou que algumas linhas e ônibus executivos tinham baixa demanda e que, como havia outros veículos passando pelos mesmos trajetos, os recursos foram realocados. Os vereadores observaram que a maioria das linhas retiradas eram pouco lucrativas para o Consórcio, mas Janine respondeu que a gestão das linhas é responsabilidade da Agetran e que não leva em conta a rentabilidade da concessionária.
A vereadora Luiza Ribeiro comentou que Janine foi o diretor que permaneceu por mais tempo à frente da Agetran, mas destacou que sua gestão não teve apenas aspectos positivos, como ele defendeu na oitiva. Entre os impactos negativos, citou a redução da frota em cerca de 100 ônibus, entre outras medidas.
“Tivemos o encolhimento da frota, nós tivemos a constatação em inspeção especial do TCE, de descumprimento ou falta de atividade do setor público, para a verificação da execução do contrato na forma como está disposto, até que surgiu o TAG, que é o Termo de Ajustamento de Gestão. A gente teve um aumento da tarifa, a gente teve aumento do subsídio, a gente teve concessão de isenção fiscal anual. Então assim, a gente tem algumas coisas que melhoram, mas a gente vê o final do seu período com uma CPI”, afirmou a parlamentar.
A próxima oitiva está marcada para quarta-feira (21), às 14h, na Câmara Municipal. Será ouvido o ex-diretor-presidente da Agereg, Odilon de Oliveira Junior.
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