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Política

Fusão e federação abrem disputa pelo governo e pelas duas vagas ao Senado em MS

Mudanças foram oficializadas nesta terça-feira em Brasília e dão start para arranjos com vistas em 2026

Por Vasconcelo Quadros, de Brasília. | 30/04/2025 11:16
Fusão e federação abrem disputa pelo governo e pelas duas vagas ao Senado em MS
Reinaldo Azambuja conduz fusão do PSDB com Podemos, enquanto Tereza Cristina comanda a federação de PP e União. (Foto: Reprodução)

A fusão do PSDB com o Podemos e a criação da federação entre PP e União Brasil — batizada de União Progressista (UP) — foram oficializadas nesta terça-feira (30) em Brasília. A articulação, de perfil nacional, tem como um de seus principais objetivos tirar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), da zona de conforto e forçá-lo a assumir a pré-candidatura à Presidência em 2026 como nome da nova direita.

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A fusão do PSDB com o Podemos e a federação entre PP e União Brasil, formando a União Progressista (UP), redefinem o cenário político em Mato Grosso do Sul. As articulações, que visam fortalecer a direita nacional, impactam diretamente as disputas pelo governo estadual e pelas duas vagas no Senado em 2026. A senadora Tereza Cristina (PP), líder da UP no estado, surge como peça central, podendo manter alianças com o PSDB ou entrar na corrida pelo Executivo. Enquanto o deputado Luiz Ovando (PP) já se declara pré-candidato ao Senado, o PT também busca espaço, com Vander Loubet articulando uma campanha de filiação. No PSDB, Reinaldo Azambuja e Soraya Thronicke são cotados para as vagas. A UP, com forte base nacional, promete ser uma alternativa de centro-direita, mas a disputa interna em MS revela tensões e incertezas.

Mas os efeitos mais imediatos desse novo arranjo já se fazem sentir em Mato Grosso do Sul. A partir dessas composições, começa a se redesenhar a disputa pelo Governo do Estado e pelas duas vagas ao Senado que estarão em jogo nas eleições do ano que vem.

A senadora Tereza Cristina (PP), que comandará a federação UP no Estado, é apontada como peça-chave nesse novo tabuleiro. Ela pode tanto manter a política de boa vizinhança com o PSDB — partido do governador Eduardo Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja — quanto optar por entrar na disputa pelo Executivo estadual.

Seu mandato no Senado vai até 2030, e ela tem afirmado que não pretende disputar cargos em 2026. Ainda assim, no meio político, essas declarações costumam ser tratadas com a cautela de quem sabe que decisões mudam — como nuvens no céu.

Aliado próximo de Tereza, o deputado federal Luiz Ovando (PP), já lançou sua pré-candidatura ao Senado. Ele jogou um balde de água fria nas expectativas do PSDB de manter uma aliança automática com a nova UP em Mato Grosso do Sul. “O cenário de 2026 está indefinido. Tudo ainda está em aberto”, afirmou Ovando ao Campo Grande News.

Segundo ele, a reeleição da prefeita Adriane Lopes (PP) em Campo Grande — em confronto direto com o PSDB — reposicionou o eixo político local. “A senadora [Tereza] se tornou a maior líder política do Estado. O bastão da liderança trocou de mãos”, declarou.

Fusão e federação abrem disputa pelo governo e pelas duas vagas ao Senado em MS
Evento de anúncio da federação que coloca no mesmo campo PP e União Brasil (Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados)

Ressentimentos e desconfianças - Ovando também relembrou o racha de 2022. “Houve um desentendimento, um pessoal que entrou pela porta dos fundos, foi pedir apoio do Bolsonaro quando o combinado era que o vice-prefeito seria do PL. Isso gerou tumulto. Então você começa a se perguntar: até onde dá para confiar?”, questionou.

Sobre a fusão PSDB/Podemos, ironizou: “Representa a sobrevivência para eles. O PSDB enfraqueceu muito. Precisa de reanimação. Como dizemos na medicina, uma reação cardiovascular é necessária”.

Mesmo com seu nome em destaque, Tereza Cristina terá de mediar a escolha do nome ao Senado pela nova federação. Além de Ovando, estão no páreo o secretário de Infraestrutura de Campo Grande, Edinei Marcelo Miglioli, e o presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro.

PT também quer espaço - O PT também cobiça uma das vagas ao Senado. O deputado federal Vander Loubet declarou que disputará o comando estadual do partido nas eleições internas, marcadas para junho, e prometeu organizar uma grande campanha de filiação e formação política.

“Vamos reorganizar o partido nos 79 municípios, promovendo cursos e aprofundando o debate sobre temas sociais e econômicos”, disse Vander. Ele tenta atrair nomes como o ex-deputado Fábio Trad, que negocia filiação à sigla.

Fusão e federação abrem disputa pelo governo e pelas duas vagas ao Senado em MS
Decisão foi aprovada de forma unânime entre as lideranças tucanas (Divulgação/PSDB)

Incógnita tucana - Pelo lado do PSDB, o nome mais forte ao Senado é do ex-governador Reinaldo Azambuja, que articula a fusão com o Podemos, Mas também são cotados a senadora Soraya Thronicke (hoje no Podemos), e o deputado federal Geraldo Resende.

Resende, que assumiu a pré-candidatura, reconhece que depende da movimentação de Azambuja. “Tenho de ver com o Reinaldo. Não podemos lançar dois candidatos. Ele tem maior peso político”, afirmou.

O deputado chegou a cogitar trocar o PSDB pelo PSB, mas garantiu nesta terça-feira que permanecerá no partido. Vai apoiar a reeleição de Riedel e buscará, no plano nacional, um nome à Presidência que fuja dos extremos. “Não pode ser nem lulopetismo, nem bolsonarismo”, resumiu.

Ele vê com bons olhos o nome de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, e acredita que a fusão PSDB/Podemos pode atrair partidos como o Republicanos, criando um grupo competitivo diante da federação PP/União Brasil.

UP nasce gigante e pragmática - A senadora Tereza Cristina celebrou a criação da União Progressista comparando-a a um “transatlântico” político. A nova federação nasce com 109 deputados federais, 14 senadores, seis governadores e mais de 1,3 mil prefeitos — oito deles em capitais.

Com Ronaldo Caiado (Goiás) como presidenciável e o nome de Tarcísio em negociação, a UP se posiciona como alternativa de centro-direita. Ainda assim, mantém cargos na Esplanada: são quatro ministérios, um do PP e três do União Brasil.

Tereza afirmou que a federação representa uma mudança de rumos nas políticas públicas. “É um projeto comum de desenvolvimento. Essa parceria nos fortalece e garante mais voz às demandas da nossa gente”, afirmou a senadora.

Em Mato Grosso do Sul, a união pode significar mais força institucional, mas também acirra a disputa por protagonismo entre partidos que, embora aliados no papel, têm feridas ainda abertas.

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