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Política

Gilmar Olarte abre o jogo e admite estar preocupado com a gestão Bernal

Zemil Rocha | 07/08/2013 16:44
Pela 1ª vez, vice de Bernal diz estar preocupado com as irregularidades apontadas (Foto: Arquivo)
Pela 1ª vez, vice de Bernal diz estar preocupado com as irregularidades apontadas (Foto: Arquivo)

O vice-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), finalmente abriu o jogo sobre sua situação na prefeitura, em entrevista exclusiva ao Campo Grande News. Pela primeira vez, Olarte admitiu que há acusações de irregularidades na gestão do prefeito Alcides Bernal (PP) que o preocupam e que está, contra sua vontade, sem ter atuação administrativa, como teria ficado acertado durante a campanha eleitoral do ano passado.

Ao ser indagado se não consegue ver as irregularidades apontadas na administração de Bernal pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Calote, da Câmara de Campo Grande, e procedimentos investigatórios abertos pelo Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado, o vice-prefeito deixou evidenciado que está preocupado. “Como cidadão brasileiro, campo-grandense, porque embora nascido em Aquidauana, me considero de corpo e alma campo-grandense, a gente de preocupa com algumas coisas”, afirmou ele, evitando, porém dar detalhes. “Como membro do PP eu preciso ter a ética que me é exigida, de aguardar que as coisas se revolvam da melhor maneira possível”, justificou.

Gilmar Olarte deixou claro também sua insatisfação em ter sido isolado por Bernal na administração municipal. “Fomos convidados para ser vice-prefeito com o compromisso de ser atuante. Esse foi o compromisso comigo e com a minha esposa. Era para atuar na administração. Porém , quando o prefeito tomou posse, ele achou por bem colocar outras pessoas e dizer que o vice é vice, como está na mídia”, reclamou.

Questionado sobre sua visão da administração de Bernal, o vice-prefeito respondeu alfinetando o correligionário. “Administração pública não se faz sem uma divisão de espaço e somatória de forças. Cada agente político tem o seu potencial. Ele tem a sua capacidade, a sua competência e, se for por bem aproveitado, o resultado é satisfatório”, afirmou o progressista.

Comparando a Prefeitura de Campo Grande a um “transatlântico”, Olarte considera que a arte de administrar a Capital passa pela capacidade de agregação política. “Precisa de uma soma de esforços para que possa navegar em alto mar, com destreza, segurança e alta resolutividade”, argumentou.

Instado a informar se via falhas na gestão do prefeito Alcides Bernal, o vice assumiu um comportamento mais tímido. “Temos sido deixados fora do processo direto da gestão, então, por uma questão de ética partidária é temerário a gente emitir um parecer acerca da qualidade de gestão do prefeito Alcides Bernal”, declarou.

Indagado se não estaria sendo conivente com as irregularidades apontadas pela Câmara de Campo Grande, Ministério Público, Tribunal de Contas e imprensa, Olarte observou que “a definição da palavra conivente é daquele que age junto, que colabora direta ou indiretamente”. Alegou que como não recebeu essa possibilidade de colaborar, já que o prefeito não o nomeou para nenhuma secretaria municipal, não tem como “saber o que está sendo feito ou como está sendo feito”.

Rompimento político - A opção de rompimento político com Bernal, embora pudesse ser o caminho natural de quem se sente desprestigiado, não é considerada pelo vice-prefeito Gilmar Olarte.

“Sair do partido? Não. A minha ação, minha forma de agir, não busca isso”, disse o progressista. “Eu me definiria como uma pessoa de centro, nem muito para esquerda, nem muito para direita. Se se radicaliza, tem grande chance de errar e errar feio”, ponderou. “Quando você busca o equilíbrio, e usa da virtude da paciência de saber esperar, a gente erra menos. Eu não posso passar por cima de ninguém”, acrescentou.

Seu comportamento teria de ser de expectativa. “Meu cargo é de vice-prefeito, eleito pelo povo para se precisar eu ser acionado”, sustentou. “Chutar o pau de barraca, fazer escândalo não é o meu perfil”, emendou. “Prefiro ficar na minha posição e se por algum motivo eu for acionado para ser útil ao povo, de quem sou servidor, vou estar pronto a agir”, disse.

Quanto ao risco de cassação do prefeito Alcides Bernal, mais agudo neste semestre, Olarte preferiu não dar uma resposta direta: “Essas questões quem tem de responder são os órgãos competentes para isso, como Ministério Público, Judiciário e a própria Câmara de Vereadores”.

Atendendo a população – Embora esteja sem exercer um papel mais ativo na administração municipal, por decisão política de Bernal, o vice-prefeito Gilmar Olarte afirmou que “continua trabalhando, atendendo a população no gabinete, visitando os bairros”.

Hoje, Olarte tem um singelo gabinete como vice-prefeito, onde procura atender as pessoas. “Agora mesmo vou receber grupo de 10 pais de um bairro da cidade, que estão em busca de solução para um problema de educação”, contou.

Carreira política – Empresário do ramo contábil que arrendou o escritório, pós-graduado pela Uniderp em Gestão Pública e um dos fundadores da Igreja Assembleia de Deus Nova Aliança, da qual foi presidente e atualmente é apenas pastor, Gilmar Olarte começou a atuar na vida política ajudando outras lideranças na busca de vagas na Câmara de Campo Grande. “A gente sempre trabalhou com a comunidade”, disse.

Era suplente do professor Rinaldo Modesto, em 2007, quando assumiu pela primeira vez vaga de vereador na Câmara da Capital. “Fruto do meu trabalho social, de recuperação de dependentes químicos”, conta Olarte, que na eleição de 2014 obteve 2.645 votos. No ano seguinte, 2008, já no PP, conquistou a vaga de titular na Câmara, com 4,8 mil votos.

Sobre seu futuro político, Gilmar Olarte disse que ainda está muito cedo ainda para tomar qualquer decisão. “Conforme for o andamento do quadro político, eu como agente político se puder servir de alguma maneira melhor vou fazê-lo. “Sou nome do partido. Se o PP entender que tenho viabilidade, densidade eleitoral, se tiver condições necessárias, vou estar disponível”, revelou. “A decisão vai depender do cenário político da época”, informou, ao ser questionado se pretenderia ser candidato a deputado federal no ano que vem.

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