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Política

"Não tem fim, bicho": integrante de esquema reclama de "voracidade" por dinheiro

Ricardo Rocamora fala com "Frescura" para segurar ou reduzir desvio de verba a participantes de esquema

Por Silvia Frias | 04/04/2024 11:13
Trecho de interceptação que consta na investigação do Gaeco (Foto: Reprodução)
Trecho de interceptação que consta na investigação do Gaeco (Foto: Reprodução)

A investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) indica que o esquema de fraudes em licitações em Sidrolândia demonstrava a “voracidade” do grupo criminoso, capitaneado pelo então secretário Municipal de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica, Cláudio Jordão de Almeida Serra, o Claudinho Serra (PSDB). Ele, que atualmente é vereador da Capital, foi preso ontem, na Operação Tromper.

Em uma das interceptações telefônicas, realizada em janeiro de 2023, o empresário Ricardo José Rocamora Alves, que participava do esquema fraudulento, segundo o Gaeco, envia áudio para Ueverson da Silva Macedo, o “Frescura”, falando que os repasses para o secretário [Claudinho Serra] deveriam ser cortados ou reduzidos. “Então neguinho, eu tenho que segurar mesmo, porque você sabe que ele não tem fim, né cara? Tá f***”. E completa: “vamo segurá [sic]”.

Os diálogos, de acordo com Gaeco, demonstram o “alto nível de corrupção e a elevada quantia de valores repassados a título de propina” para Claudinho Serra, sendo ele “voraz em consumidor dinheiro público”.

O termo também é usado para falar sobre Tiago Basso, outro integrante do esquema, que era servidor da Divisão de Licitação da Prefeitura de Sidrolândia e chegou a ser preso na 1ª fase da Operação Tromper, em 2023.

“Os elementos de prova que serão apresentados demonstram a voracidade de Cláudio Serra Filho e Tiago Basso em desviar recursos públicos”, discorreu o PIC (Procedimento Investigatório Criminal) do Gaeco.

Ueverson Marcondes, o "Frescura" foi preso em Sidrolândia (Foto: Paulo Francis)
Ueverson Marcondes, o "Frescura" foi preso em Sidrolândia (Foto: Paulo Francis)

Em diálogo interceptado no dia 14 de janeiro de 2023, Rocamora conta para “Frescura” que Tiago Basso pediu e recebeu R$ 13 mil para repassar propina a “Marcondes”, identificado pelo Gaeco como Luis Gustavo Justiniano Marcondes, integrante ativo do grupo criminoso.

Rocamora fala que Tiago Basso já teria pegado R$ 10 mil em propina na semana anterior. “Não tem fim, bicho”, referindo-se ao nível dos desvios do grupo criminoso. Pede para “Frescura” dizer que está sem dinheiro para segurar os outros.

“Rapaz, se eu te contar, você não acredita, nós tem que fica memo que tá sem dinheiro essas coisa assim, se acredita que o Tiago pediu pro Marcondes treze mil reais pro casamento ontem, e o Marcondes arrumo do banco que ele vai paga de juro, cara ele pego dez na semana passada nosso né, dá... que precisava, e agora treze véi, não tem fim bicho.”

A 3ª fase da Operação Tromper foi desencadeada ontem, em ação conjunta do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e Gaeco, com apoio do Batalhão de Choque. Foram cumpridos oito mandados de prisão e 28 de busca e apreensão.

Conforme a investigação, às 10h15 do dia 23 de setembro do ano passado, Ricardo Rocamora inicia conversa com Ueverton Macedo, enviando foto de maços de dinheiro (Foto: Reprodução do processo)
Conforme a investigação, às 10h15 do dia 23 de setembro do ano passado, Ricardo Rocamora inicia conversa com Ueverton Macedo, enviando foto de maços de dinheiro (Foto: Reprodução do processo)

Mandados de prisão:
Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho - Claudinho Serra (mentor dos esquemas);

Carmo Name Júnior (assessor direto de Cláudio Serra Filho);

Ueverton da Silva Macedo, o Frescura (um dos líderes, alvos da 1ª fase da operação);

Ricardo José Rocamora Alves (foragido desde a 1ª fase da Tromper - dava apoio a Frescura e também tinha empresas que venciam licitações);

Milton Matheus Paiva Matos (advogado e compactuava com esquema);

Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa (diretor/chefe dos setores de licitação e compras);

Ana Cláudia Alves Flores (chefe de setor e pregoeira);

Thiago Rodrigues Alves.

Empresários e empresas - Foram expedidos mandados de busca e apreensão para os investigados presos e também para: Luiz Gustavo Justiniano Marcondes; Jacqueline Mendonça Leiria; MP Assessoria e Consultoria e Serviços LTDA; Rafael Soares Rodrigues; Paulo Vítor Famea; Heberton Mendonça da Silva; Roger William Thompson Teixeira de Andrade; Roberta de Souza; Valdemir Santos Monção; Cleiton Nonato Correia; GC Obras de Pavimentação Asfáltica LTDA; Edmilson Rosa; Ar Pavimentação e Sinalização; Fernanda Regina Saltareli; CGS Construtora e Serviços; Izaquel de Souza Diniz (Gabriel Auto Car); Yuri Morais Caetano; Maxilaine Dias de Oliveira (pessoa física); Maxilaine Dias de Oliveira LTDA (pessoa jurídica); e Jânio José Silvério.

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