Para delegado, “Fora Bernal” no Facebook “a princípio” não é crime
O delegado Miguel Said, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, ainda não analisou o pedido do prefeito Alcides Bernal para investigar postagens contra ele nas redes sociais. Bernal quer punição criminal para a mobilização do “Fora Bernal”, que tem convocações via Facebook para protestos de rua na Capital.
Miguel Said já admite, porém, que há um evidente cunho político nas manifestações contra o prefeito Alcides Bernal. “A princípio é isso, parecem ser de cunho político”, afirmou o delegado, observando, contudo, que o pedido de investigação chegou ontem e ainda precisa ser analisado. “Não consegui nem ler ainda”, revelou a autoridade policial.
Indagado se tinha visto algum pedido de investigação semelhante em sua carreira como delegado, Said respondeu: “Só vi em tempo de eleição, com candidato reclamando um do outro; fora disso, não”.
Já no começo das manifestações de rua em Campo Grande, que nasceram de convocações pelas redes sociais, Bernal foi a primeira vítima do grito coletivo. O primeiro grito geral dos participantes do protesto por melhorias públicas, na Praça do Rádio, em Campo Grande, em 20 de junho, dia do primeiro protesto na Capital, foi um xingamento contra o prefeito: “Oh Bernal, vai tomar no c...”.
Nesse mesmo dia e nos que se seguiram de protestos de rua, os manifestantes elegeram o Paço Municipal, sede da prefeitura, onde fica Bernal, como um dos pontos de parada obrigatória para bradarem palavras de ordem contra os rumos da atual administrando e para cobrar melhorias nos serviços públicos.
A princípio, Bernal restringiu-se a manifestar apoio aos protestos, embora criticando os grupos exaltados que estavam se embriagando, se drogando e causando danos ao patrimônio público e particular. Agora, o prefeito resolveu bater de frente contra os movimentos que o criticam e chegam a pedir sua cassação nas ruas, alegando tratarem-se as incitações e postagens nas redes sociais de “apologia ao crime”.
Só na segunda-feira o delegado Miguel Said vai verificar “se existe crime” nas declarações via Facebook ou há apenas uma bravata do prefeito Alcides Bernal, desconte com as manifestações oposicionistas. Se não existir crime nem haverá necessidade de abertura de inquérito policial.