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Política

Pistola de "atentado fake" é a mesma "ostentada" por Tio Trutis em redes sociais

PF identificou que arma utilizada no ataque simulado era uma Glock 9mm, mesmo modelo mostrado pelo deputado na internet

Lucia Morel | 13/11/2020 19:26
Uma das imagens de "Trutis" com a Glock, 9mm. (Foto: Redes Sociais)
Uma das imagens de "Trutis" com a Glock, 9mm. (Foto: Redes Sociais)

Causou “estranheza” aos investigadores da Polícia Federal o fato de o deputado federal Loester Carlos (PSL), o “Tio Trutis” ostentar em suas redes sociais uma arma do modelo Glock 9 mm. O armamento é da mesma marca e calibre identificados pela perícia da PF como utilizado no suposto atentado contra o parlamentar.

Os mandados de busca e apreensão realizados ontem contra Trutis, seu irmão, assessor e um amigo, tinham como um dos alvos, encontrar a pistola, o que não ocorreu.

Durante a investigação, a PF elencou como informação pertinente o fato do deputado “ostentar em suas redes sociais, mais precisamente em suas páginas no famigerado Facebook, ser detentor de uma pistola da marca Glock”, diz trecho do inquérito.

A estranheza se deu porque a arma usada por Loester para supostamente repelir quem o teria atacado em emboscada, no dia 16 de fevereiro deste ano, uma Taurus calibre 380, está em nome de seu irmão, Alberto Carlos Gomes de Souza. Logo, se nem mesmo arma usada em sua possível defesa está em seu nome, a que a aparece nas redes sociais, estaria?

Como informado mais cedo pelo Campo Grande News, as armas apreendidas com Trutis em sua casa em Campo Grande estavam em nome dos demais investigados e alvos da ação de ontem, que são, além de seu irmão, o assessor Ciro Nogueira e do amigo e primeiro-secretário do PSL na Capital, Jovani Batista da Silva.

O deputado federal também não pode registrar armamentos em seu nome porque responde a processo relacionado à Lei Maria da Penha, de violência contra mulher.

Conforme a PF, sobre a Glock que aparece nas redes sociais, “não há como saber pelo menos até o presente momento, se esta arma é real, ou se estamos diante de um simulacro”. O documento ainda se baseia em fotos retiradas das páginas pessoais do deputado que mostram a Glock.

Irmão de Trutis – o mandado de busca e apreensão na casa do irmão do parlamentar decorreu da tentativa de encontrar em sua posse a pistola 9 mm, isso porque de Alberto Carlos “fora capaz de, infringindo as normas legais, emprestar-lhe o armamento pistola Taurus, (...) nada o impede de também ter emprestado o armamento Glock, 9 mm, utilizado para realizar os disparos contra o veículo”.

Suposta Glock postada no Facebook do deputado federal. (Foto: Redes Sociais)
Suposta Glock postada no Facebook do deputado federal. (Foto: Redes Sociais)

Ainda sobre o mandado contra Alberto Carlos, o inquérito sustenta que “pode ser que” ele tenha tido maior participação na simulação do atentado, “material ou intelectual”. “Razão pela qual se deve empreender buscas em seus endereços, com escopo de também apreender (...) armas de fogo e munições, mormente (mas não só) a pistola Glock, 9 mm, que teria sido usada na simulação do atentado”.

Motivação – para o MPF (Ministério Público Federal), que apreciou os pedidos de prisão e busca e apreensão da PF antes da decisão da ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), há ligação entre a defesa de porte de armas propalada por Trutis e o suposto atentado.

Em trecho da análise, o ministério enfatiza que nos dias que se seguiram ao ataque simulado contra o deputado federal, Loester seguiu fazendo postagens nas redes sociais “sempre associando os fatos a uma disputa política no Mato Grosso do Sul e exaltado o fato de que estava armado”.

Na mesma linha, cita que o parlamentar, nas postagens, “com uma arma em punho, defende o porte de armas para todos os cidadãos”; que “atribui ao porte de arma a ausência de lesões e até mesmo o “escape” da morte” e que “aduz ter sido vítima em razão de embates políticos no Estado. Por conta disso, “pode-se vislumbrar uma conexão dos fatos apurados com a atividade parlamentar”.

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