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Política

Testemunha diz que foi coagida por Bernal e quer mudar depoimento

Mayara Bueno e Aline dos Santos | 16/02/2016 11:10
Fabiano no Gaeco, na manhã desta terça (Foto: Fernando Antunes)
Fabiano no Gaeco, na manhã desta terça (Foto: Fernando Antunes)

O guarda municipal Fabiano de Oliveira Neves, 36 anos, que trabalhava como motorista do prefeito afastado de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), foi até o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), na manhã desta terça-feira (16), se colocar à disposição para um novo depoimento na Operação Coffee Break, que investiga suposto esquema para cassar o prefeito, Alcides Bernal (PP).

Segundo Neves, ele foi coagido e chantageado a mando de Bernal para, nas próprias palavras dele, adicionar fatos ao depoimento que prestou no ano passado aos promotores. O foco seria ligar o ex-governador André Puccinelli (PMDB) à suposta corrupção contra o prefeito, que chegou a ser cassado em março de 2014 e voltou ao cargo por decisão judicial, em agosto passado.

Neves apareceu no Gaeco com uma cópia de áudio de conversa entre ele e o advogado Antonio Trindade. São 36 minutos de diálogo que, pela versão do ex-motorista, confirmam que partes do depoimento foram forjados.

“Eu só queria trabalhar em paz e não ser exonerado. Sofri pressão psicológica, fui coagido a mando de Bernal”, afirma Neves. Até o fechamento deste texto, ele continuava no Gaeco, mas não havia informação de que ele seria recebido pelo promotor Marcos Alex Vera, coordenador do grupo.

No áudio, entre outras coisas, Trindade orienta como Neves deveria proceder no depoimento ao Gaeco. Um dos focos seria comprovar a participação de Puccinelli em reuniões entre vereadores às vésperas da cassação de Bernal.

A coação estaria no fato de que, se não colaborasse, ele seria prejudicado em relação ao cargo na Prefeitura. Em certo ponto, Neves teria sido chantageado para depor conforme as orientações supostamente a mando de Bernal.

“Qualquer coisa, você só fala o seguinte, se apertarem você fala: ‘eu estava saindo para fazer compra, vi ele (Puccinelli) chegando, não vi se entrou e não sei o que foi a reunião; quando cheguei, não vi mais ele’. Pra não falar que você está se escondendo, se omitindo, sai pela tangente, não complica nada. Se você falar que estava lá dentro, vão perguntar o que eles estavam conversando”, traz trecho do áudio, atribuído a Trindade.

Neves não falou quando a gravação foi feita. Também não entrou em detalhes sobre porque decidiu fazer as revelações agora.

Confira o áudio:

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