Boom da celulose: Inocência vive a euforia do emprego, mas "tropeça" na Saúde
Saldo de contratações já foi negativo no município, que agora é o que mas cresce
Inocência vive a euforia do emprego, depois de registrar saldo negativo na geração de vagas, mas enfrenta falta de especialista, numa reclamação que não dá nem para nascer na cidade porque o hospital não tem anestesista.
RESUMO
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Inocência vive um boom econômico com a chegada da indústria de celulose, gerando empregos e transformando a economia local. Em 2022, o saldo de empregos foi negativo, mas em 2023 e 2024, houve um aumento significativo, com 9 e 1.525 empregos, respectivamente. No entanto, a cidade enfrenta desafios na saúde, com falta de especialistas como anestesistas, o que impede a realização de cirurgias e partos. A Arauco, responsável pelo investimento, planeja mitigar esses impactos com investimentos em saúde, incluindo a construção de uma nova unidade de saúde e a contratação de consultoria especializada.
No campo da economia, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) retrata como a chegada da cadeia da celulose transforma os índices. Em 2022, o saldo de empregos foi negativo no município. Com 724 admissões e 729 desligamentos, o resultado foi de -5. No ano seguinte, 2023 o saldo do Caged no município foi de 9 empregos.
Já no ano passado, o saldo chegou a 1.525, com forte influência do setor de serviços. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a média em 2022, último dado divulgado, era de dois salários-mínimos (R$ 2.424). Abaixo da média estadual, que foi de R$ 2.949. O IDHM (Índice de Desenvolvimento Municipal) é médio: 0,681.
Na Saúde, o pedido é pela retomada de cirurgias. “Eu nasci aqui, parto cesárea. Eu tive minha menina aqui. Mas a minha nora, que teve filho recentemente, foi para fora porque nem centro cirúrgico tem mais. Não tem anestesista. Meus netos não nasceram aqui, por falta de centro cirúrgico”, afirma Neivanda Dias Junqueira, 43 anos.
No dia da entrevista, Almiro Rosa, 86 anos, tinha acabado de retornar do posto de saúde, onde lhe foi aplicada injeção, num tratamento que levará cinco dias. Ele conta que o atendimento foi bom e que aguarda por melhora.
“Graças a Deus a saúde é boa, só de uns dias para cá que ando meio mal”, diz. Almiro sempre morou no município e destaca as mudanças, como a chegada do asfalto e valorização dos imóveis.
A cidade sofre com a dengue e faz arrastão de limpeza para se livrar do lixo. No Estado, a primeira vítima da doença em 2025 foi uma mulher de 76 anos, moradora de Inocência. Conforme a prefeitura, são aproximadamente 90% de cobertura de saneamento básico.
Pela área urbana, são poucas as vias de terra, sinal de que a pavimentação avança pela cidade. “Tem asfalto agora, o atendimento no posto de saúde é tranquilo e o hospital funciona”, diz Delina Lino, 61 anos.
Transformações - Com a chegada de fábrica de celulose da Arauco, investimento de US$ 4,6 bilhões, o município prepara o seu primeiro plano diretor, que organiza o crescimento e uso da área urbana.
Por exemplo, há regramento para os serviços de hospedagem corporativa transitório, sistema viário, construção de calçadas e licenciamento de obras. O documento está em fase de ajustes e correções.
“A chegada de um grande contingente de trabalhadores, superando em três vezes a população do município, gera preocupações de ordem econômica e social como: habitação, aumento das demandas nas unidades de saúde, organização do sistema de trânsito, gerenciamento de resíduos sólidos, segurança, lazer da população, demandas na educação e assistência social”, aponta a prefeitura em nota enviada ao Campo Grande News.
Há uma semana, a Arauco anunciou investimento de R$ 85 milhões, sendo R$ 65 milhões de contrapartida obrigatória para mitigar os impactos da instalação da indústria no município e R$ 20 milhões a título de Investimento Social Privado, que serão destinados ao PES (Plano Estratégico Socioambiental).
Na Saúde, a Arauco fará a contratação de consultoria especializada, implantação da área vermelha destinada ao atendimento emergencial no Hospital Municipal, capacitação para os profissionais de emergência e construção de uma nova unidade de saúde, com capacidade inicial de ocupação de 20 leitos, com área construída de 2.450 metros quadrados. A reportagem questionou a prefeitura sobre a falta de anestesista e aguarda retorno.
A cidade também terá uma Casa de Passagem, para acolhimento temporário de pessoas, além de campanhas de conscientização contra a violação de direitos de grupos vulneráveis.
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