Pesquisa na UEMS transforma insetos em fonte de "proteína do futuro"
Projeto apresentado na Pantanal Tech propõe alternativa sustentável, de baixo custo e alto valor nutritivo
Durante a Pantanal Tech, realizada no campus da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) em Aquidauana, a professora doutora Luiza Cristiane Fialho Zazycki, especialista em entomologia, apresentou uma proposta inovadora: o uso de insetos como matéria-prima proteica para diferentes aplicações, da agricultura à alimentação animal.
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Pesquisadora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul desenvolve estudo pioneiro sobre o uso de insetos como fonte de proteína para agricultura e alimentação animal. O projeto, liderado pela professora Luiza Cristiane Fialho Zazycki, visa transformar insetos criados em ambiente controlado em farinhas, óleos e extratos nutritivos. A iniciativa destaca-se pelo baixo custo de produção e reduzido impacto ambiental, já que os insetos consomem pouca água e ocupam espaço limitado. O processo envolve o aproveitamento da carapaça quitinosa dos invertebrados, rica em nutrientes, com potencial aplicação em diversos setores, desde a avicultura até a agricultura sustentável.
Segundo a docente do curso de Agronomia, o foco não é no combate a pragas, como muita gente pensa ao ouvir “inseto na lavoura”, mas sim na criação controlada de espécies específicas, com alto padrão de higiene e qualidade, para serem transformadas em produtos como farinhas, óleos, extratos e até barras nutricionais. “Inseto ocupa pouco espaço, consome pouca água e pode ser alimentado com diferentes materiais. É uma alternativa de proteína de baixo custo e alto impacto nutricional”, explica.
A base do estudo está na estrutura do corpo dos insetos, formado por uma carapaça quitinosa, responsável por sustentar o organismo dos invertebrados. Essa carapaça é rica em nutrientes e, ao ser transformada em farinha, permite uma análise completa da composição bromatológica – essencial para uso como insumo na avicultura, piscicultura, nutrição de outros insetos e até na agricultura. “A gente está testando a aplicação com plantas, micro-organismos e criações. Os resultados são promissores”, afirma.
Mas o processo não é simplesmente aproveitar insetos mortos. Eles precisam ser criados especificamente para essa finalidade, com controle de crescimento e ponto certo de coleta. “Durante o crescimento, o inseto sofre transformações internas. A gente precisa saber o momento ideal para fazer a coleta e a insensibilização, para aproveitar ao máximo o que ele tem de melhor”, pontua Luiza.
A pesquisadora também faz uma analogia com a indústria de cosméticos. “É como a Natura, que explora uma fruta com propriedades específicas para produzir cremes, essências e extratos. O inseto funciona como essa fruta: uma matéria-prima com potencial, mas ainda pouco explorada no Brasil.”
Apesar de haver grupos de pesquisa sobre o tema no país, em Mato Grosso do Sul Luiza acredita ser a única pesquisadora atuando diretamente com essa proposta. Na UEMS, o trabalho é desenvolvido em parceria com colegas da Agronomia e Zootecnia e avança com estudos voltados à viabilidade comercial. “Nosso objetivo é transformar isso num produto acessível ao produtor rural, alinhado aos princípios da sustentabilidade: baixo custo, baixo consumo de água e estrutura simples para produção”, conclui.
A pesquisa é só uma das apresentadas durante a Pantanal Tech, que ocorrem em Aquidauana até domingo (29).