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Ninguém conversa mais

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 12/12/2024 08:32

O modernismo e a consequente aceleração de tudo estão lançando as pessoas no isolamento e solidão. O bom relacionamento requer amizade. Aqueles encontros agradáveis, com boa conversa e delicada consideração se tornaram difíceis e, atualmente, as pessoas quase não conversam, não dialogam, não permutam saberes. Dominam as falas pelo WhatsApp, que é de grande utilidade, mas isso não pode ser classificado como uma boa conversa.

O viver em cidades como São Paulo fica cada dia mais complicado: trânsito apertado nas ruas e avenidas, poluição, renda baixa, ônibus e metrô lotados. Com todo avanço tecnológico, o projeto de 4x3 dias no trabalho, eliminando o 6x1, já deveria ter sido alcançado há muito tempo, de forma confortável, para que a população tivesse um tempo para seu aprimoramento, mas o mundo está entrando num hostil processo de aumento da miséria e escassez de alimentos.

Como disse o presidente da COP29, Mukhtar Babayev, estamos na rota da ruína. Por que a humanidade se acha nessa rota? É o acúmulo de problemas causados pela ganância e cobiça de poder. Com a falta de bom preparo para a vida, tudo vai ficando mais difícil; é uma situação insustentável. Estamos vivendo no presente o futuro ruim construído no passado, e permanecemos construindo mau futuro; como será o próximo futuro? Enquanto a humanidade não se pautar em concordância com as leis naturais da Criação, não poderá se livrar das catástrofes, nem com trilhões.

Com a inflação, muitas coisas dobraram de preço e apresentaram redução do tamanho. Um exemplo é o do papel higiênico, que teve uma diminuição de 20 metros e perdeu qualidade. Isso também ocorre com muitos itens essenciais, ou seja, traduzem o que está acontecendo com o dinheiro que está perdendo poder aquisitivo. Os problemas estruturais do dinheiro e a má gestão da finança pública ou privada estão apresentando as consequências pelo globo.

Vá a um restaurante ou a um supermercado e veja quantas pessoas que lá trabalham sabem um mínimo de aritmética. Ler e escrever de forma adequada também vai ser difícil. Agora há um novo problema atingindo as novas gerações que estão perdendo o bom senso e vivendo sem objetivos. Como dizem os pesquisadores: os jovens estão perdendo a vitalidade. A ansiedade é a resposta natural do corpo diante do estresse, que geralmente se manifesta como um sentimento de medo ou preocupação. Com isso, a humanidade está perdendo a sua força construtiva e a decadência poderá surgir de forma inevitável.

A humanidade vive de mentiras e não é de agora. A massa se deixou acomodar com mentiras que formaram a estrada larga da perdição, pois isso se coadunava com a sua moleza espiritual e com a preguiça de analisar os fatos. Muitas instituições se apresentam falidas por terem se amparado em bases falsas formadas por mentiras. O tempo está encurtando. Coragem, força de vontade e propósitos voltados para o bem são indispensáveis.

Na economia globalizada, a economia regional fica sem suporte porque as decisões macro que vão aglutinando finanças e produção, vêm de fora, e pouco resta fazer quando fábricas vão sendo fechadas para produzir em outro centro industrial.  As pessoas nascem num determinado solo e lá deveriam prosperar, mas vários fatores criados pelo homem levam as pessoas a um movimento imigratório de abandono do solo onde nasceram em busca de melhores oportunidades para sobreviverem.

No crânio do ser humano dois cérebros trabalham em conjunto, o grande e o cerebelo. Segundo a obra Na Luz da Verdade, de Abdruschin, o cerebelo liga o cérebro com a alma através das intuições, mas ficou estagnado em seu desenvolvimento devido ao ser humano ter dado prioridade unilateral ao raciocínio cerebral, sem atentar para as intuições, a voz do espírito. Os homens criaram o capitalismo e o comunismo, direita e esquerda, e estragaram muitas coisas, inclusive o futuro, devido à falta de bom preparo para a vida. Mas a verdade natural não tem ideologia. Não há mais conversas sobre a alma, o estudo da alma e suas sutilezas, tão comum no século passado. Tudo isso foi abandonado diante da parafernália da moderna tecnologia social que está considerando o ser humano como algo mecânico, sem alma, que esqueceu que o livre arbítrio é o querer da alma.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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