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Vamos continuar qualificando nossas mentes brilhantes, independente deles

Por Dendry Rios (*) | 08/09/2025 11:09

As diferenças políticas entre os governos dos Estados Unidos e Brasil podem ser bem mais amargas para quem está na ponta da massa trabalhadora. Isso porque, se alguém está pensando que se trata apenas de uma briga entre dois grupos políticos que parecem não se entender pelo país, está completamente enganado com o tal “Tarifaço dos EUA sobre os produtos e negócios brasileiros”.

Para se ter ideia, é notório que o modelo de gestão adotado durante muitos anos em boa parte das empresas é o de contenção de gastos, corte em despesas simples e o mais pesado quando o assunto é mercado de trabalho: a demissão (eliminação de postos de trabalho/empregos/estágios).

E a cultura do corte de gastos é visivelmente na contratação de trabalhadores e estagiários, comunicação e publicidade, aquisições de equipamentos e bens, e também na qualificação profissional, e depois segue uma lista gigantesca de medidas que cada empreendedor executa de acordo com seu plano de negócios e intuição empresarial.

Como manter a tranqüilidade e o planejamento dentro de uma pequena empresa diante do temporal de péssimas notícias da política, dos poderes, das redes sociais, das ideologias mirabolantes, entre outras informações?

A qualificação profissional no Brasil deve ser afetada e justamente no momento em que os brasileiros estavam investindo em novos conhecimentos devido à concorrência com as tecnologias e inteligência artificial.

Para se ter idéia dos impactos desse tal “Tarifaço dos EUA”, como o governo brasileiro não conseguiu reverter o gosto amargo da alta dos impostos para os nossos produtos entrarem no país norte-americano, a gestão do Brasil lançou o Plano Brasil Soberano, que trata do Programa Emergencial de Acesso a Crédito para atender as empresas afetadas nesse momento delicado da economia internacional.

Por mais que o governo federal teve boa vontade, o plano pode ser considerado uma verdadeira lenda, pois para ter acesso a alguns benefícios as empresas precisam estar em dia com a Receita Federal e não podem estar em processo de recuperação judicial. Ou seja, quem se enrolou financeiramente nos últimos 60 dias de gestão e não tem a chamada “certidão negativa”, pode dizer que já era e não resta outra ação a não ser demitir e parar os projetos internos, pois não conseguirá ser alcançado pelo apoio do governo brasileiro.

E para complicar ainda mais, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese) estimam que o Brasil pode perder até 726 mil empregos e ainda ver o Produto Interno Bruto (PIB) encolher em 0,26%.

Para se ter ideia, dessa triste realidade apontada pelo Departamento Dieese, os impactos podem ser distribuídos no setor de serviços com uma perda de 241,5 mil postos de trabalho, seguido da indústria (215 mil), comércio (142 mil) e agropecuária (104 mil).

Numa realidade inacreditável em pleno ano de 2025, vemos a prioridade das empresas desesperadas para manter as portas abertas e manter empregos. E o que vai ficando para mais tarde, como sempre? As atividades internas como as contratações, a inovação e a qualificação profissional.

Em Mato Grosso do Sul, justamente no ano em que o Estado começou a se modernizar industrialmente e sustentavelmente, o governo local já se antecipou e publicou um decreto suspendendo despesas e exige uma economia das pastas estratégicas de gestão.

Mato Grosso do Sul é um dos Estados que mais se destaca em crescimento. Somente em julho deste ano, cerca de 1.223 novas empresas foram abertas. Já em abril, 1.038 novas empresas abriram suas portas e se comparado ao montante do ano passado, o crescimento foi de 29%, sendo Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Ponta Porã as cidades que mais registraram abertura de novas empresas.

Mas, o crescimento é importante, o número de empresas também, porém, o que esperar do futuro tão próximo do ponto de vista da competitividade intelectual da mão de obra? Como montar um time de sucesso sem investir no conhecimento do capital humano para poder competir com as inteligências artificiais cada vez mais presente nas empresas e órgãos públicos? São respostas que as gestões estratégicas de quem toca o país precisam pensar e agir.

As políticas adotadas pelos EUA podem se comparar a outras que estejam por vir ou que nunca sejam realidade, mas a verdade é que nenhum outro país do mundo pode ameaçar o crescimento das nossas empresas e dos nossos órgãos públicos. Vamos continuar qualificando, treinando, ensinando custe o que custar!

Esperar pacotes de “assistencialismo empresarial” por parte dos governos não é o melhor caminho para o cenário empreendedor.

Que as empresas possam continuar investindo dentro de sua força estratégica e que os gestores de equipes não reduzam o nível dos programas de qualificação profissional. Caso contrário, não teremos como competir com o que está por vir logo ali. Mato Grosso do Sul, por exemplo, tem uma Rota Bioceânica pela frente que precisará de profissionais de alto nível, da saúde ao comércio, da indústria a tecnologia, e assim por diante.

Em paralelo aos esforços do povo brasileiro, sobra a nós, ficarmos na torcida para que os poderes constituintes se entendam e a prioridade seja o desenvolvimento. E ao cidadão, que analise bem antes de entrar em debates infundados, pois tem muito conteúdo espalhado na internet e redes sociais para confundir a cabeça de quem tenta sobreviver no cenário empreendedor ou tenta salvar seu emprego, pois quanto mais discórdia e divisão, melhor será para quem quer manipular as pessoas de bem.

Analisem o tento de eventos que temos diariamente nas cidades brasileiras e na Internet? Cada um mais top que o outro e só não se qualifica quem não quiser. Claro que muitos preferem reclamar ao invés de buscar a valorização profissional por meio do ensino continuado, mas isso também não pode ser uma barreira para o país.

Tenho certeza que o empreendedor brasileiro irá superar mais esse desafio, pois provamos ao mundo a nossa força ao vencermos uma pandemia. Vamos juntos nos reinventar e aprender que o futuro dos nossos negócios não pode ficar no meio de brigas locais ou internacionais de grupos políticos. É preciso fazer a política trabalhar para gerar oportunidade aos empreendedores e ao povo brasileiro, simplesmente isso.

O restante pode deixar que a sociedade se organiza sozinha com a maestria que sempre fez.

(*) Dendry Rios, profissional de administração, especialista em recursos humanos, empreendedor e instrutor de cursos qualificação profissional

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.