Adélio revelou tentativa de filiar-se à direita e participação em atos anti-PT
Site UOL teve acesso a declarações prestadas pelo autor da facada que feriu o presidente Jair Bolsonaro, durante campanha
Em depoimentos prestados à Polícia Federal e a médicos psiquiátricas, Adélio Bispo, autor da facada que feriu o presidente Jair Bolsonaro – então candidato – durante campanha eleitoral, afirmou ter cogitado aliança com à direita e participado de protestos contra o PT (Partido dos Trabalhadores) no ano de 2005, durante o governo de Lula. As afirmações contradizem posicionamentos postados por ele, em anos anteriores, nas redes sociais, se posicionando como ativista de esquerda.
O conteúdo dos depoimentos foi obtido pelo site UOL e publicado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr, nesta quinta-feira (12). São cinco depoimentos prestados ao delegado Rodrigo Morais, da Polícia Federal, e outras duas declarações prestadas a psiquiátricas forenses, no presídio federal de Campo Grande.
No primeiro depoimento, prestado no dia 7 de setembro de 2018, um dia após o atentado contra Bolsonaro, Adélio afirmou ter participado de manifestações contra o Governo Lula, desde 2005. Segundo ele, os protestos foram realizado em Curitiba (PR).
O mesmo foi dito por ele a psiquiátricas, no dia 7 de fevereiro do ano seguinte, já no presídio federal de MS, ocasião em que o laudo apresentado à Justiça para considerar o crime inimputável foi elaborado.
Segundo o site, no mesmo depoimento, Adélio citou que carregava “um caixão funerário pintado de preto que ele mesmo mandou confeccionar, uma vez que não queriam lhe vender" e elogiou a postura do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, relator do caso que investigou corrupção durante o governo do PT.
No conteúdo publicado pelo UOL, Adélio revelou até aspirações políticas e vontade de ser deputado federal por meio de partidos ligados à direita. Segundo ele, em 2014, chegou a procurar o PSD em Uberaba (MG) em busca de informações para se filiar, o que acabou não acontecendo. Ainda segundo ele, a busca pelo partido aconteceu após desfiliação do PSOL, da mesma cidade.
Ataque – Os depoimentos prestados por Adélio também apresentam versões diferentes para a razão de ter esfaqueado Bolsonaro.
"Me considero um defensor de esquerda moderada, ao passo que Bolsonaro defende ideologia oposta, que defende o extermínio de homossexuais, pobres e índios", foi o Adélio teria dito à Polícia Federal no dia 7 de setembro de 2018. Na ocasião, ele ainda críticou a política de privatização de estatais defendida pelo então candidato do PSL, segundo o UOL.
Quando interrogado pelo delegado da Penitenciária Federal de Campo Grande, 10 dias depois, Adélio disse que as divergências contra Bolsonaro se "devem sobretudo ao discurso racista e antissemita do candidato, que é contra o povo árabe".
Para psiquiatras, a versão apresentada foi outra, indicando que o motivo que o teria levado a tentar cometer o crime foi que Bolsonaro estaria ligado "às maçonarias", tema bastante abordado por ele em depoimentos.