Casal preso fabricava anabolizantes na fronteira em laboratórios clandestinos
Influencer de MS foi alvo de operação contra produção e comércio ilegal de esteroides
Dois dos principais líderes da marca clandestina de anabolizantes Red Shark foram presos em Ciudad Del Este, no Paraguai, onde mantinham laboratórios ilegais voltados à produção de anabolizantes e remédios para emagrecer. A prisão revela o braço internacional da organização que levou a Polícia Civil de São Paulo a investigar o influencer sul-mato-grossense Renato dos Santos Lopes, o “Pobre Loco”, alvo de mandado de busca e apreensão nesta semana, em Campo Grande.
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Os presos no Paraguai, nesta terça-feira (5), foram identificados como Maykon Douglas Miranda Campos e Julia Buckoski. Segundo a polícia, eles são dois dos três líderes da associação criminosa que operava há mais de uma década sem qualquer tipo de autorização sanitária. No local da prisão, os agentes encontraram embalagens e produtos com os rótulos da marca Red Shark, nome escolhido pelos investigados e que batiza a operação "Dead Shark", deflagrada pela Polícia Civil paulista.
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A estrutura ilegal incluía laboratórios clandestinos em imóveis alugados, vendas diretas pela internet e um sistema de marketing agressivo, baseado na credibilidade de influenciadores digitais. Foi nesse contexto que surgiu a figura do sul-mato-grossense “Pobre Loco”. No dia 5 de agosto, policiais cumpriram mandado de busca na casa dele, no Bairro Parati, onde apreenderam anabolizantes importados e o celular pessoal do influencer. Ele foi ouvido, mas não chegou a ser preso. À polícia, declarou apenas divulgar os produtos.
Ao Campo Grande News, o delegado Ronald Quene, da 1ª Cerco (Central Especializada de Repressão ao Crime Organizado), aponta que o que compromete a atuação dos influencers é justamente dar visibilidade a produtos sem procedência e prejudiciais à saúde. “Tratavam essa marca clandestina como se fosse uma empresa, com slogan, embalagem bonita e uma rede de influenciadores que davam credibilidade ao negócio”, explicou.
Segundo Quene, o crime se sustenta por trás de um marketing bem elaborado. Enquanto os cabeças do esquema eram capturados fora do País, a ligação com nomes conhecidos nas redes sociais ajuda a dimensionar o alcance da organização. A estratégia era clara: dar “cara de empresa” à marca ilegal e vender um produto que parecia confiável, mas que operava à margem de toda a legislação sanitária.
A Red Shark simulava profissionalismo, com embalagens chamativas e promessa de qualidade internacional. Mas o que sustentava a marca era a produção em fundo de quintal, com insumos trazidos da China e do Paraguai, sem qualquer controle técnico ou sanitário.
As investigações duraram um ano e meio, com infiltração de policiais civis que se passaram por clientes, além de quebras de sigilos bancários e redes sociais da marca. O rastreamento financeiro identificou movimentação de cerca de R$ 25 milhões com a venda dos produtos pela internet, sem necessidade de receita médica ou aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A operação somou 32 presos e teve 85 mandados de busca e 35 de prisão expedidos em 12 estados. Dois dos líderes, agora presos no Paraguai, serão extraditados com apoio da Interpol e da cooperação tripartite entre Brasil, Paraguai e Argentina.
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