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Cidades

Curso de bombeiro civil volta a ser denunciado por suspeita de fraude

Reportagens anteriores foram desmentidas nas aulas, mas a autorização nunca foi emitida pelo CBMMS

Por Kamila Alcântara | 03/09/2024 20:59
Imagens usadas na divulgação do curso em Campo Grande (Foto: Direto das Ruas)
Imagens usadas na divulgação do curso em Campo Grande (Foto: Direto das Ruas)

Sem cumprirem as promessas feitas no ato da contratação, os alunos de um curso para bombeiro civil desconfiam de fraude e temem receber um certificado sem o credenciamento do CBMMS (Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul). A escola já foi denunciada outras vezes ao Campo Grande News, uma turma chegou a ser fechada e as aulas acontecem em ambiente virtual ou alugam salas de reuniões nos hotéis de Campo Grande.

Nesta terça-feira (3), uma das alunas, de 44 anos e que preferiu não se identificar, relatou que nos primeiros dias de curso a equipe chegou desmentindo as reportagens e garantiram a certificação do que estavam ministrando. “Eles disseram que o certificado do Corpo de Bombeiros ia sair antes da gente terminar o curso, que passaríamos pelo campo e treinamento prático antes de receber o diploma”, relata.

A empresa está sediada na cidade de Santo Antônio da Patrulha (RS), nas redes sociais diz ter turmas espalhadas por todo país, mas em Campo Grande as aulas começaram no salão de eventos de um hotel da Avenida Afonso Pena. Os alunos eram orientados a não usarem uniforme quando as aulas fossem presenciais, mas o local era sempre alterado.

Comunicado enviado aos alunos, que indica o local da reunião e para não usarem uniforme (Foto: Direto das Ruas)
Comunicado enviado aos alunos, que indica o local da reunião e para não usarem uniforme (Foto: Direto das Ruas)

“Meus colegas começaram a desconfiar quando as aulas passaram a ser online, sendo que o contrato dizia que seriam presenciais e muito práticas. Quando o aluno desiste, cobram um valor absurdo pela quebra de contrato, mas eles não cumprem o mínimo. Uma nova turma vai começar e nem pelo combate ao fogo passamos e desmarcaram a prática no campo”, detalha a aluna.

Há quem já tenha consultado um advogado e a história fica ainda mais conspiratória. “Descobriram que um dos sócios tem várias empresas abertas recentemente e inúmeros processos foram movidos, caracterizando fraude. Fomo orientados a fazer boletim de ocorrência, mas estamos com medo de não receber nada de volta, nem o diploma”, termina.

A reportagem pediu um posicionamento da empresa Jovem Profissional, com pessoa identificada como coordenadora do curso, Andressa Carvalho, mas ela não respondeu os questionamentos até o prazo de 1 (uma) hora, estipulado para a publicação desta matéria. O canal seguirá aberto para declarações futuras.

Relembre o caso - Em maio, uma equipe de fiscalização do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul esteve na Facsul e fechou o curso de bombeiro civil que estava sendo realizado no local, com 150 alunos matriculados. Na época, a faculdade disse que apenas alugava uma das salas para a empresa responsável pelas aulas.

Mesmo sem o credenciamento oficial, no mês seguinte, outra turma iniciava as aulas. Uma pessoa inscrita pagou R$197 de taxa de matrícula, mais R$2.297,00 no boleto. Um segundo aluno preferiu a modalidade usada pela maioria, que é dar entrada de R$600 e cinco parcelas de R$450. Após o primeiro pagamento, eles são adicionados em um grupo de mensagens, que já está com 87 membros.

A carga horária é de 310 horas, com duração de cinco meses, sendo que as aulas serão todas as terças-feiras à noite e um domingo por mês. A promessa é que a profissionalização é reconhecida pelo Corpo de Bombeiros e com validade em todo Brasil.

O Campo Grande News comparou a carga horária com a única escola autorizada na Capital, localizada no Monte Líbano. Nesse local, as aulas são realizadas em ambiente preparado para as atividades, também tem duração de cinco meses, mas são todos os dias letivos, inclusive aos sábados.

A profissão - Bombeiro civil é o profissional que atua na prevenção e no combate a incêndios e pode ser contratado para atuar em locais como indústrias, shoppings e aeroportos, por exemplo, além de eventos abertos que recebem grandes públicos.

O Corpo de Bombeiros explica que a Lei Estadual nº 4.335/2013 obriga empresas e instrutores de cursos de formação a estarem credenciados na corporação para abrirem e darem andamento a eles.

Direto das Ruas - A denúncia chegou pelo Direto das Ruas, o canal de interação dos leitores com o Campo Grande News. Quem tiver flagrantes, sugestões, notícias, áudios, fotos e vídeos pode colaborar no WhatsApp pelo número (67) 99669-9563. Clique aqui e envie agora uma sugestão.

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