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Cidades

Juiz torna ré quadrilha que usava esmeraldas para atrair clientes

Investigação do grupo criminoso teve início em município de Mato Grosso do Sul; seis foram denunciados

Guilherme Correia | 01/02/2023 16:35
Agente da Polícia Federal relaciona joias apreendidas. (Foto: Divulgação)
Agente da Polícia Federal relaciona joias apreendidas. (Foto: Divulgação)

Quadrilha que usava esmeraldas para atrair clientes foi denunciada no MPF (Ministério Público Federal) e seis pessoas são investigadas por atuação com pirâmide financeira transnacional. Mato Grosso do Sul não teve mandados, mas operação La Casa de Papel iniciou em Rio Brilhante, a 163 quilômetros da Capital, pela Polícia Federal de Dourados.

Usadas como atrativo para garantir a segurança do investimento em criptomoedas, as esmeraldas apreendidas totalizaram 268 quilos. O saldo de apreensões também inclui 100 cabeças de gado, 75 ovelhas, R$ 21 mil, 9.250 dólares, 1.280 euros, 250 mil dólares em criptoativos, joias, relógios e canetas.

A 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande também determinou bloqueio de 20 milhões de dólares.

Durante as investigações, a Polícia Federal descobriu que o esquema de pirâmide financeira captou recursos de mais de 1,3 milhão de pessoas em pelo menos 80 países. As operações teriam começado em 2019 e continuavam em curso até hoje. O prejuízo aos investidores é estimado em R$ 4,1 bilhões.

Inquérito policial foi aberto a partir de denúncia que indica a existência de organização criminosa estruturada, em tese, por Diego Ribeiro Chaves, presidente da empresa Trust Investing. Também foram citados Fabiano Lorite de Lima, diretor de marketing, Diorge Roberto de Araújo Chaves, pai de Diego e diretor financeiro.

Cláudio Barbosa, de 45 anos, era diretor de tecnologia e recebeu a denúncia. Ele está foragido.

Por fim, Patrick Abrahão Santos Silva, captador de investidores, e Ivonélio Abrahão da Silva, pai de Patrick e diretor nacional. Ele seria proprietário da Mirn (Igreja Ministério Internacional Restaurando as Nações). “A denúncia destaca ainda que as contas bancárias da igreja também eram empregadas em favor do esquema criminoso em tese".

A operação teve alvos no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina. Ao menos, 16 veículos foram apreendidos, incluindo modelos de luxo, como Porsche Cayenne, Porsche Boxter, Mercedes Benz, Audi e BMW, além de lancha e jet ski.

Infográfico mostra como era a atuação criminosa. (Foto: Receita Federal)
Infográfico mostra como era a atuação criminosa. (Foto: Receita Federal)

Histórico - Cinco já tinham sido presos na ação da Polícia Federal. Um deles é Patrick Abrahão, marido da cantora Perlla. O empresário foi preso em casa, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes (RJ), e foi relacionado como presidente da empresa Trust Investing.

As empresas montadas pela quadrilha ofereciam pacotes de investimentos e aportes financeiros com valores de 15 dólares a 100 mil dólares, com promessa de ganhos diários em percentuais altíssimos e de 300% ao ano. Nas redes sociais, os chefes divulgavam que as empresas estavam legalizadas na Estônia e que seriam sócios de duas instituições financeiras, mas de fato não existiam.

Os investigados respondem por organização criminosa, crimes contra o sistema financeiro por operar sem autorização, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, usurpação de bem mineral da União Federal, execução de pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, falsidade ideológica e estelionato por meio de fraude eletrônica. A operação teve apoio da Receita Federal e da ANM (Agência Nacional de Mineração).

Em 20 de agosto de 2021, a apreensão de mais de 2 quilos de esmeraldas em Rio Brilhante, avaliados em R$ 508 mil, acendeu suspeita de lavagem de dinheiro. Um fato, em especial, chamou a atenção do MPF - um dos presos não soube informar o endereço da própria empresa. O flagrante foi da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Os policiais constataram que a nota fiscal das esmeraldas era inidônea. Além disso, os indiciados não apresentaram a concessão de lavra ou guia de utilização emitido pela Agência Nacional de Mineração.

Claudio Barbosa, o sócio Fabiano Lorite e Jean Pessoa de Souza foram presos por falsidade ideológica e por explorar matéria-prima da União sem autorização legal.

Na sequência, a 2ª Vara da Justiça Federal de Dourados homologou a liberdade provisória dos três. Mas com a suspeita de branqueamento de capitais, houve remessa para a 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, especializada em crimes de lavagem de dinheiro.

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