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Cidades

Mães de crianças com microcefalia já fazem planos para novo auxílio de R$ 60 mil

Após medida provisória, governo federal pagará o auxílio em parcela única a pessoas com deficiência por zika

Por Mylena Fraiha | 13/01/2025 18:21
Mães de crianças com microcefalia já fazem planos para novo auxílio de R$ 60 mil
Medição do crânio de um recém-nascido para constatar possível microcefalia (Foto: Agência Brasil)

De cirurgias a reformas no quarto, mães de crianças que desenvolveram microcefalia em decorrência do vírus da Zika já fazem planos para o uso do novo auxílio de R$ 60 mil, que será concedido em parcela única pelo governo federal.

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O governo federal anunciou um auxílio de R$ 60 mil para pessoas com deficiência causada pela síndrome congênita relacionada ao vírus Zika. O benefício, pago em parcela única, visa minimizar os impactos da síndrome, auxiliando famílias a arcar com custos de tratamentos, cirurgias e adaptações domiciliares. Mães de crianças com microcefalia, como Suelen e Luana, já planejam utilizar o recurso para melhorar a qualidade de vida de seus filhos, investindo em cirurgias, equipamentos e reformas na casa.

Conforme divulgado na última quinta-feira (9), foi publicada no Diário Oficial da União uma medida provisória que institui o apoio financeiro à pessoa com deficiência causada pela síndrome congênita, decorrente da infecção do vírus Zika durante a gestação.

O benefício, no valor de R$ 60 mil, será pago em parcela única e não pode ser acumulado com indenizações de mesma natureza obtidas por decisão judicial, embora o direito de opção seja garantido. A medida busca minimizar os impactos causados pela síndrome, oferecendo recursos para atender às necessidades de pessoas com deficiência decorrente do contágio de suas mães pelo vírus zika.

Em Campo Grande, segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em 2016 foram registrados 13 casos prováveis de má formação de bebês relacionados ao vírus. "Desde então, nenhum novo caso relacionado à doença foi registrado", informou em matéria publicada recentemente.

Ficou para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) a constatação da relação entre a síndrome congênita e a contaminação da genitora pelo vírus.

Uma das pessoas que será beneficiada é Suelen de Oliveira Santana, de 27 anos, mãe de Naythan Joaquim Braz Silva, de 8 anos. Moradora de Campo Grande, no bairro Jardim Monumento, ela conta que contraiu zika e dengue em semanas próximas durante a gestação.

Aos sete meses, no pré-natal, recebeu a notícia sobre a condição do filho. "Primeiro veio aquele baque da aceitação. Tudo isso é um processo. Eu não tinha experiência enquanto mãe atípica", relata Suelen.

Mães de crianças com microcefalia já fazem planos para novo auxílio de R$ 60 mil
Suelen e Naythan em um momento de descontração juntos, em Campo Grande (Foto: Arquivo pessoal).

Naythan é portador de microcefalia e baixa visão, além de precisar de atenção integral, pois depende da mãe para todas as atividades diárias. "Ele segue uma dieta com alimentação pastosa, suplementação alimentar, faz uso de fraldas e de medicações para convulsão", explica.

Nos últimos anos, Naythan começou a apresentar escoliose e atrofia muscular. A família sobrevive com o BPC/LOAS (Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência), equivalente a um salário mínimo, atualmente R$ 1.518. "Eu estava atrasada nos estudos e fazia bicos, mas precisei largar tudo para cuidar dele e levá-lo às terapias", conta Suelen.

Com o auxílio de R$ 60 mil, ela já pensa em adiantar consultas e cirurgias que estão em espera no SUS (Sistema Único de Saúde). “Quando eu vi a notícia, fiquei esperançosa. Ele tem várias coisas que precisa resolver, como consultas e cirurgias. Minha intenção é agilizar essa parte. Como ele tem escoliose, achamos que precisará de cirurgia. Além disso, tem uma cirurgia íntima, no saco escrotal, que também precisa fazer".

Mães de crianças com microcefalia já fazem planos para novo auxílio de R$ 60 mil
Karoline Rebeca, de 7 anos, durante ação na Associação Renasce Uma Esperança, em Campo Grande (Foto: Arquivo pessoal).

Outra mãe que já traça planos é Luana Caroline Lopes, de 28 anos, que mora no bairro Aero Rancho, em Campo Grande, com a filha Karoline Rebeca, de 7 anos. A menina tem paralisia cerebral, microcefalia, baixa visão, epilepsia e se alimenta por sonda.

Luana contraiu zika durante a gestação e precisou se mudar de Bandeirantes, a 70 km da Capital, para Campo Grande em busca de tratamentos para a filha. "O principal gasto é com a dieta específica e fraldas", diz.

Assim como Suelen, Luana também deixou o trabalho para cuidar exclusivamente de Karoline. A família conta com o BPC-LOAS e o auxílio do programa estadual Cuidar de Quem Cuida, no valor de R$ 900.

"Ela tem luxação no quadril e ninguém fica com ela para que eu possa ir ao médico. Ela aguarda por essa cirurgia desde 2020", relata Luana, que conta com o apoio da Associação Renasce Uma Nova Esperança, que oferece terapias e acolhimento às famílias.

Animada com a possibilidade de receber R$ 60 mil do governo federal, Luana afirma que sua meta é construir um quarto mais confortável para a filha. “Já imaginei aumentar o quarto dela para melhorar a ventilação, comprar uma cama hospitalar, um climatizador... Tudo que possa ajudar a melhorar a qualidade de vida dela”.

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