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Cidades

Morte na fronteira de MS foi estopim para execuções no País, aponta estudo

Relatório divulgou número de homicídios em 2017, o maior nível histórico de letalidade violenta intencional

Silvia Frias | 05/06/2019 15:07
Metralhadora foi instalada em caminhonete para ataque a Rafaat e depois foi abandonada (Foto/Arquivo)
Metralhadora foi instalada em caminhonete para ataque a Rafaat e depois foi abandonada (Foto/Arquivo)

O assassinato do traficante Jorge Rafaat Toumani, em 15 de junho de 2016, foi um dos principais fatores da eclosão da violência no Brasil. A guerra de facções, entre julho e julho daquele ano provocou a explosão de mortes violentas pelo país, culminando em 65.602 assassinatos em 2017.

A avaliação faz parte do Atlas da Violência 2017, feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo FBS (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e publicado nesta quarta-feira. Os indicadores de homicídios analisados nesse relatório referem-se ao ano de 2017, com base nos dados oficiais do Ministério da Saúde.

Os óbitos contabilizados equivalem a uma taxa de aproximadamente 31,6 mortes violentas para cada cem mil habitantes, sendo o maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país.

As mortes violentas, ou mortes por causas externas, podem ser divididas em: acidentes; lesões autoprovocadas intencionalmente; agressões; intervenções legais e operações de guerra; e mortes violentas com causa indeterminada (MVCI)

Em Mato Grosso do Sul, foram 659 homicídios em 2017, o que representa taxa de 24,3 mortes para cada cem mil habitantes, abaixo da média nacional. Se comparado a 2016, representa queda de 2,9%, quando foram 671 assassinatos e, em relação a 2007, redução de 20,2%, quando foram 710 mortes violentas.

Uma morte no dia 15 de junho de 2016, na região de fronteira entre Brasil e Paraguai, teve papel fundamental na explosão da violência no País. Jorge Rafaat Toumani foi executado a tiros de metralhadora, calibre 50, em ataque ocorrido em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha a Ponta Porã, a 323 quilômetros de Campo Grande.

“O assassinato do traficante Jorge Rafaat Toumani (...), acentuou ainda mais a disputa do narconegócio, uma vez que que tinha como pano de fundo o controle do mercado criminal na fronteira e, por conseguinte, a obtenção de um grande diferencial competitivo, com a integração vertical da cadeia de valor, a partir do acesso privilegiado à droga produzida e comercializada na Bolívia, no Peru e no Paraguai”, cita o relatório, com base em estudo desenvolvido em 2018.

Jorge Rafaat Toumani, o estopim de uma guerra (Foto/Reprodução)
Jorge Rafaat Toumani, o estopim de uma guerra (Foto/Reprodução)

Paralelo à morte de Rafaat, a guerra entre PCC (Primeiro Comado da Capital) e CV (Comando Vermelho) e seus aliados regionais – Família do Norte, Guardiões do Estado, Okaida, Estados Unidos e Sindicato do Crime – detonou a violência e a alta letalidade.

Esse novo cenário aponta crescimento de mortes nas regiões Norte e Nordeste, estabilidade no Sul e Sudeste e queda no Sudeste e Centro-Oeste.

Disputa – Desde o dia 28 de maio, o Campo Grande News começou a publicar série de reportagens “MS nas mãos do crime”, que traça análise do crime e da guerra do narcotráfico na região de fronteira, com a escalada da violência.

Policiais ouvidos pela reportagem dizem que PCC e CV atuavam na região de fronteira há pelo menos dez anos, mas, nos últimos cinco anos, intensificaram ações.

“Esses grupos se instalaram no Paraguai para assumir o controle da produção de droga e do fornecimento de armas. Mas quando chegaram lá se depararam grupos locais e travaram uma disputa velada. Essa disputa continuou até chegar ao Rafaat [Jorge Rafaat Toumani], que era dono de tudo e já estava brigado com o Jarvis [Jarvis Gimenes Pavão]”, conta a fonte.

Pavão decidiu aproveitar o momento para se livrar do antigo sócio e naquele momento concorrente e inimigo no submundo do crime.

“Ele se aliou ao PCC para matar o Rafaat. Com apoio do Comando Vermelho, a facção paulista decidiu eliminar o Rafaat porque ele começou a vender droga diretamente para o Brasil, traindo um acordo que tinham de repassar para o PCC e ficar com a Europa e outros mercados”, afirma o policial.

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