Operação no Rio acende alerta em MS, mas segurança diz que “clima é tranquilo”
Forças de segurança monitoram reflexos da ofensiva contra o Comando Vermelho nas fronteiras e presídios

A megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que até o momento contabilizou 121 mortos, provocou reações em todo o país. A ação, considerada a mais letal da história do estado, tinha como alvo integrantes do Comando Vermelho, principal facção do tráfico de drogas no Rio e uma das que disputam espaço com o PCC (Primeiro Comando da Capital) em várias regiões do Brasil.
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Em Mato Grosso do Sul, estado que abriga duas penitenciárias federais e faz fronteira com Paraguai e Bolívia, as forças de segurança intensificaram o monitoramento, especialmente nas regiões de fronteira e nas unidades prisionais. Segundo o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, o clima segue estável, mas o sistema de inteligência está em alerta para qualquer reflexo da operação fluminense.

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“Os órgãos de inteligência estão acompanhando pari passo toda a operação no Rio de Janeiro e suas repercussões. Nós temos aqui o Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública do Centro-Oeste, que está interligado com os demais centros do país. Toda a ação no Rio e seus reflexos estão sendo monitorados não só por Mato Grosso do Sul, mas também por outros estados, principalmente os que têm fronteiras”, afirmou o secretário.
Videira destacou que o Estado mantém estrutura permanente de vigilância e resposta rápida, especialmente em regiões consideradas sensíveis, como as cidades de Ponta Porã, Corumbá que fazem parte das principais rotas de tráfico na fronteira seca com o Paraguai e a Bolívia.
“O clima é tranquilo, as polícias nossas, principalmente aqueles que atuam nas fronteiras, Departamento de Operação de Fronteira, o BOPE, o Choque, o Garras, a Defron, estão todas atentas a qualquer movimentação atípica, mas preparados para qualquer ação. Não tem que se preocupar aqui. O sistema penitenciário está tranquilo e tudo monitorado”, ressaltou Videira.
A declaração vem em meio ao cenário de incerteza no Rio de Janeiro. Moradores do Complexo da Penha relataram ter encontrado mais de 70 corpos em uma área de mata, que foram levados para uma praça da região. O secretário da Polícia Civil fluminense, delegado Felipe Curi, confirmou 63 corpos localizados na mata, e disse que será realizada uma perícia para determinar se todas as mortes estão relacionadas à operação.
Inicialmente, o governo do Rio havia informado 64 mortes na terça-feira (28). Mas nesta quarta-feira a cúpula da segurança pública atualizou para 121 mortos. O governador Cláudio Castro classificou a ação como um “sucesso” e disse que apenas os policiais mortos são “vítimas”.
Enquanto o Rio tenta contabilizar os mortos e esclarecer as circunstâncias da operação, outros estados monitoram o possível efeito em cadeia nas organizações criminosas. A ofensiva teve como um dos principais objetivos atingir lideranças interestaduais do Comando Vermelho, que mantém articulações com facções de outros estados e conexões com o tráfico internacional.
Questionado se o governo federal havia solicitado o envio de presos para as penitenciárias federais de Campo Grande, o secretário de Segurança de Mato Grosso do Sul disse não ter informações oficiais sobre transferências. “Essa informação nós não temos. Isso depende do sistema penitenciário federal”, afirmou.
Sobre a presença do Comando Vermelho em Mato Grosso do Sul, o Videira explicou que a atuação da facção é limitada e enfrenta resistência das forças locais e da influência dominante do PCC nas cadeias e no tráfico regional.
“O Comando Vermelho tentou uma investida no norte do estado, já que ele está mais presente no Mato Grosso, mas essa tentativa foi repelida pelas forças policiais”, afirmou.
Atualmente, o PCC é a facção com maior domínio em Mato Grosso do Sul, especialmente no sistema prisional e nas rotas de tráfico de drogas e armas vindas do Paraguai e da Bolívia. Ainda assim, as autoridades afirmam que qualquer movimentação interestadual é imediatamente compartilhada entre os órgãos de inteligência, por meio do centro integrado que conecta as forças estaduais e federais de segurança.

