Heitor transformou presente da Angola em seis mudas de baobá
Professor deu uma delas a Manuel, que a plantou em 2015, e a árvore virou ponto turístico do bairro Caiçara

O professor Heitor Romero Marques poderia ter recebido qualquer presente dos amigos que visitaram a África a trabalho, mas ganhou sementes de baobá direto de Angola. Em 2015, elas viraram seis mudas que foram espalhadas pela Capital, e uma delas é a famosa árvore da praça do bairro Caiçara. Muita gente não sabe que foi Heitor quem deu a planta para que o antigo zelador da praça e colega, Manuel, plantasse ali o que, anos mais tarde, se tornaria um cartão postal da região.
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O professor Heitor Romero Marques recebeu sementes de Baobá de amigos que visitaram Angola, na África, em 2015. Das seis mudas cultivadas, uma delas se tornou um cartão-postal do bairro Caiçara, em Campo Grande, após ser plantada na praça local pelo antigo zelador Manuel. A árvore, que foi plantada em um buraco usado para depositar restos de jardinagem, cresceu de forma saudável e se tornou ponto de encontro familiar. Heitor mantém a tradição de visitar anualmente o local com seus netos para registrar fotografias, demonstrando orgulho pela contribuição ao paisagismo urbano da capital sul-mato-grossense.
Heitor mora próximo e visita a árvore sempre que pode. O ato virou até tradição entre os netos, que o acompanham uma vez ao ano no local. Ele conta que não perde a chance de fazer uma foto com os netos na frente da planta gigante.
“Eu brinquei com eles que queria um presente de lá, e eles voltaram com uma surpresa. Peguei as sementes e levei para a minha falecida irmã, Marlene, no bairro Tijuca. Ela fez seis mudas. Uma foi para o bairro Cachoeirinha, mas não se desenvolveu muito; está com a grossura de uma garrafa de Coca-Cola de um litro.”
Outra, ele plantou na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), entre o Labcom (Laboratório de Comunicação) e a biblioteca, com cerca de 30 centímetros de diâmetro. Outras mudas foram para uma chácara em Aquidauana. “E o professor Olivier também plantou algumas na casa dele, na Chácara dos Poderes, e não sei como estão”, comenta.
A muda que está na praça foi entregue a Manuel. Conforme Heitor, ele plantou dentro de um buraco usado para depositar os matos cortados. O solo era fértil e adubado, e a árvore cresceu saudável.
“Manuel era aposentado, limpou a praça por muitos anos e fazia trabalhos voluntários. Eu trouxe a muda para ele e perguntei se gostaria de plantar. Ele quis. Havia um buraco, semelhante a um fosso, onde ele colocava os galhos e o mato que cortava para fazer a higienização, e ele a plantou ali.” Manuel cuidou diretamente da planta até o fim da vida.
Heitor comenta que não chegou a ir para a África, mas que é um apaixonado pelas espécies de baobá.
“Já tinha visto muitas delas por foto e o professor Olivier, que trouxe a semente para mim, disse que lá existem espécies com cinco metros de diâmetro. Estamos com um visitante professor de lá, ele fala que na África eles furam o tronco para que os carros passem; vai que acontece isso no futuro aqui. Mas lá é uma árvore milenar. Aqui está ainda é novinha, vai fazer 16 anos.”
Apesar da primeira formação ser em ciências naturais, o professor explica que não sabia que seria presenteado com as sementes, e que o amigo advertiu que ele não deveria comer elas, pelo gosto ser ruim.
“Fico feliz que as pessoas cuidem da árvore. O Manuel cuidou muito. É um sentimento muito importante. Tenho netos que estudam fora e, sempre que eles aparecem aqui, venho tirar fotos com eles. Vejo se estão cuidando. Fiquei apreensivo com alguns desenhos nazistas no tronco, mas a própria planta foi absorvendo a tinta. Desde a minha época de criança, a gente quer deixar uma marca. As pessoas vêm e marcam a árvore.”
Heitor mostra cada risco da árvore, desde corações pequenos a nomes indecifráveis. Para ele, não há mal em deixar o registro, desde que não seja preconceituoso ou maldoso. O professor fica triste em não ter registros fotográficos da época em que fez as mudas ou nenhuma fotografia com Manuel.
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