PM que “vazou” foto de policiais federais a traficante é condenado a 8 anos
O caso veio à tona após a deflagração da Operação Aqueus, em dezembro de 2021, pela PF de Três Lagoas

Condenado a 8 anos e 8 meses de prisão, o cabo da Polícia Militar Jean Carlos Vaz Elias foi também condenado a ser excluído da corporação após a Justiça confirmar que ele repassou informações sigilosas da Polícia Federal a uma organização criminosa que movimentou mais de R$ 155 milhões com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A sentença foi mantida pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
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Um policial militar de Mato Grosso do Sul foi condenado a 8 anos e 8 meses de prisão por repassar informações sigilosas da Polícia Federal a uma organização criminosa. O cabo Jean Carlos Vaz Elias fotografou documentos de agentes federais infiltrados e compartilhou com traficantes, comprometendo uma operação oficial. A decisão da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça manteve a sentença, que também determinou a exclusão do policial da corporação. O caso foi descoberto durante a Operação Aqueus, que investigou um grupo criminoso que movimentou R$ 155 milhões com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro entre Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
O caso veio à tona após a deflagração da Operação Aqueus, em dezembro de 2021, pela PF de Três Lagoas. As investigações começaram em março de 2020 e miraram um grupo com atuação interestadual, responsável por levar grandes carregamentos de droga da fronteira com o Paraguai até o interior e litoral paulista, além de cidades de Minas Gerais. Um depósito em Campo Grande era usado como entreposto logístico, antes da droga seguir para Três Lagoas e outras regiões do país.
Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Jean Carlos atuava como facilitador e, mesmo fardado e em serviço, chegou a fotografar documentos funcionais de dois agentes federais que estavam infiltrados em missão sigilosa, em Ponta Porã. As imagens foram parar no celular de um dos líderes do esquema criminoso, Heitor Ferreira Gomes, conhecido como “Heitorzinho” ou “Gordinho”
No julgamento da apelação, os desembargadores afirmaram que “a condição de policial militar apenas agravou a situação, pois violou a confiança pública e comprometeu uma operação oficial”. As provas apontaram que o cabo teve acesso exclusivo aos documentos e que não havia explicação plausível para os registros feitos.
A defesa sustentou que os dados encontrados no celular teriam sido copiados de outras fontes e pediu desclassificação da acusação de corrupção passiva para prevaricação, além de absolvição por ausência de provas. Também tentou derrubar a pena de exclusão da PM. Todos os pedidos foram negados.
Na decisão, o relator, desembargador José Ale Ahmad Netto, destacou que “as condutas de associação criminosa e corrupção foram autônomas e comprovadas por conjunto robusto de provas”. A Corte ainda rejeitou o argumento de que a exclusão do cargo seria desproporcional, considerando “a gravidade dos fatos e o comprometimento da função pública”.
A investigação mostrou que os líderes da quadrilha usavam empresas de fachada e contas de laranjas para lavar o dinheiro. Em 14 meses, o grupo movimentou mais de R$ 155 milhões, com parte dos valores recebidos em espécie e convertidos em imóveis, carros e outros bens registrados em nome de terceiros.
Durante a Operação Aqueus, a PF prendeu oito pessoas em flagrante, apreendeu cerca de 500 quilos de droga, sequestrou 13 imóveis e bloqueou contas de 33 pessoas físicas e jurídicas. A ofensiva alcançou 24 municípios em quatro estados e resultou em 30 ordens de prisão.
Jean Carlos cumprirá pena em regime fechado e também deverá pagar 20 dias-multa. A exclusão dos quadros da PMMS já foi comunicada pela Justiça, mas continua nos quadros da Polícia Militar segundo publicações no Diário Oficial do Estado.
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