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Cidades

PMs são acusados de aceitar propina de traficantes que “queimavam dinheiro”

Segundo acusação, policiais deixaram de prender dupla do PCC que "trabalhava" no transporte de meia tonelada de maconha

Anahi Zurutuza | 25/05/2020 16:50
Policiais acusados de envolvimento com o PCC teria aceitado propina para liberar traficantes que estavam com meia tonela de maconha ns MS-164, em Sidrolândia (Foto: Sidrolândia News)
Policiais acusados de envolvimento com o PCC teria aceitado propina para liberar traficantes que estavam com meia tonela de maconha ns MS-164, em Sidrolândia (Foto: Sidrolândia News)

Cinco policiais militares presos na Operação Piromania, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) no dia 5 de maio, viraram réus por corrupção passiva e falsidade ideológica. Os servidores são acusados de aceitar propina para liberarem de abordagem integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) que ostentava fotos queimando dinheiro.

Consta na denúncia que, no dia 12 de março do ano passado, equipe da PM de Sidrolândia –formada pelo 2°-sargento, Wilgruber Valle Ptzold, de 49 anos, pelo cabo Rafael Leguiça Flores, 31, e pelos soldados Diego de Souza Nantes, 35, Maurício Gonçalves Brandão, 31, e Rafael Preza da Silva, de 30 anos– deixou de prender dois homens suspeitos de tráfico de meia tonelada de maconha.

A droga estava em um Fiat Strada que, conforme o boletim de ocorrência, foi encontrado em meio a um milharal  da MS-164 com a chave no contato. Na ocasião, também foram abordados Jackson Yuri Ferreira Correia, conhecido como “Douradinho”, de 31 anos, e Wesley Leite de Amorim. Os dois estava em VW Gol e conforme a investigação, trabalhavam como “batedores” da picape que transportava o entorpecente. Eles foram liberados, segundo ficou registrado pelos PMs, porque não foram encontradas evidências de que viajavam junto com o outro veículo.

De acordo com o Gaeco, os policiais ignoraram, por exemplo, a “ficha corrida” de Jackson na polícia e ainda o fato da dupla estar viajando sem o documento do Gol, “circunstância que, por si só, obstaria a liberação do automóvel”.

Acusação destaca que com uma “simples checagem” no sistema de registro de ocorrências, a equipe encontraria motivo para manter Jackson e Wesley detidos. “O veículo abordado pela guarnição policial dos denunciados era produto do crime de apropriação indébita, tudo a recomendar a não liberação do veículo e de seus ocupantes, mas sim a prisão em flagrante do motorista, ao menos pelo crime de receptação”.

Para o Gaeco, os policiais “agiram criminosamente, infringindo dever funcional, ao liberá-los”. O crime de falsidade ideológica se deu quando o boletim de ocorrência da abordagem foi confeccionado com informações falsas.

Para o Gaeco, Jackson Yuri é o elo entre policiais e o PCC (Foto: Reprodução)
Para o Gaeco, Jackson Yuri é o elo entre policiais e o PCC (Foto: Reprodução)

Interceptações telefônicas – Conversas entre os integrantes da facção monitoradas pelo Gaeco são evidência que policiais militares acertaram propina e dias depois, procuravam Jackson para receber o valor.

Num dos diálogos, “Douradinho” é questionado sobre acerto feito com “Brandão” e o outro interlocutor reclama que o grupo passou a ser alvo de abordagens policiais. Para a acusação, os dois se referem ao soldado Maurício Brandão.

Jackson Yuri é acusado de integrar braço do PCC com base em Campo Grande e que praticava tráfico de drogas, além de furtos, roubos e receptação de veículos. Na investigação, ele aparece em foto ostentando leque com notas e queimando dinheiro.

Jackson, que foi liberado em abordagem, aparece queimando dinheiro em foto obtida pela investigação (Foto: Reprodução)
Jackson, que foi liberado em abordagem, aparece queimando dinheiro em foto obtida pela investigação (Foto: Reprodução)

A operação – Para a Operação Piromania, a 7ª Vara Criminal de Campo Grande expediu 20 mandados de prisão preventiva, 13 mandados de prisão temporária e 22 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Coxim, Bela Vista e Sidrolândia.

Por meio da assessoria de imprensa, a PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) informou que os 5 policiais estão presos preventivamente (por tempo indeterminado) no Presídio Militar Estadual, no Complexo Penal de Campo Grande. Ressaltou ainda que a operação contou com a colaboração da Corregedoria.

Os réus ainda não constituíram advogados no processo, por isso o Campo Grande News não conseguiu ouvir as defesas.

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