Santa Casa diz ter relatado à prefeitura 873 faltas de médico nos plantões
Mauro Luiz Ribeiro, atual presidente do CFM, era médico da Prefeitura, cedido à Santa Casa e recebeu R$ 72 mil indevidamente
As 873 faltas do cirurgião geral Mauro Luiz de Britto Ribeiro nos plantões da Santa Casa de Campo Grande foram informadas à prefeitura, conforme informações da assessoria do hospital. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) questiona classificação de "a pedido" da exoneração dele do quadro de servidores, o que pode acarretar na cassação do mandato de Ribeiro na presidência do CFM (Conselho Federal de Medicina).
Mauro Ribeiro era servidor da prefeitura cedido à Santa Casa, prestando serviço no hospital como cirurgião geral com ônus para origem. Isso significa que os salários eram pagos pelo Município, conforme contrato de cedência.
No pedido encaminhado à Procuradoria-Geral de Campo Grande, o promotor Humberto Lapa Ferri pede que a exoneração seja retificada de “exoneração a pedido” para “demissão por abandono de cargo”.
A assessoria da Santa Casa disse que o hospital relatou à prefeitura que Ribeiro não cumpria os plantões. São 873 ausências, quantificadas de julho de 2013 a outubro de 2015, o que equivale a R$ 72 mil em salários de foram indevida.
A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) sobre essa afirmação e aguarda retorno para o período da tarde.
Em relação aos pagamentos, a prefeitura havia respondido em nota que na época das denúncias foi aberto um processo administrativo interno e deliberado pelo ressarcimento de pagamento indevido feito ao servidor no período de 1º de junho de 2013 a 1º de outubro de 2015 no valor de R$ 76.601,45, sendo descontado em 76 parcelas mensais de R$ 1.007,91.
Punição -O CFM foi condenado juntamente com outros nove profissionais que cometeram a mesma irregularidade: faltar aos plantões sem prejuízo no recebimento de seus vencimentos.
Ribeiro disse que não vai se manifestar mais sobre o caso e que o fará às autoridades competentes. Mas em entrevista anterior ao jornal o Estado de São Paulo, negou essa versão, ressaltando que seu desligamento do hospital ocorreu de forma regular e que o caso já foi julgado em ação popular, considerada improcedente. O médico havia dito
Na avaliação do MPMS, a solução para o caso foi “manobra administrativa", em que o presidente do CFM pediu exoneração do cargo que ocupava e fez acordo para devolução do montante recebido indevidamente ao longo de seis anos, em parcelas sem correções de juros.
O MP pede que Ribeiro seja investigado pela obtenção de outros recursos de forma ilícita no exercício dos cargos de 1º vice-presidente e presidente do CFM, tais como diárias e passagens aéreas. Estima-se que, entre 2015 e 2019, ele teria recebido R$ 1.614.730,67 em diárias e R$ 878.404,95 em passagens aéreas. Somente em 2018, o total teria sido de R$ 552.047,10, somando-se os dois benefícios.
O CFM informou que "não é parte em nenhum dos procedimentos e somente se manifestará quando e se regularmente intimado, o que não ocorreu até a presente data".
O Campo Grande News tentou novo contato com o médico, mas não obteve retorno.