Corrupção e desvio de recursos são os alvos do novo chefe da PF em MS
Novo superintendente da PF no Estado, Cleo Mazzotti diz que há possibilidade de desdobramentos da Lama Asfáltica; guerra na fronteira também está sendo alvo de investigação
Combate à corrupção e desvio de recursos públicos são as ações prioritárias do novo superintendente da PF (Polícia Federal) em Mato Grosso do Sul, Cleo Mazzotti, nomeado para o cargo nesta sexta-feira. Nessa vertente, há o indicativo de novos desdobramentos da Operação Lama Asfáltica.
“Cada fase de uma operação como a Lama Asfáltica retroalimenta [a investigação] e dá novo caminho (...) então, existe essa possibilidade com os materiais que foram apreendidos com as últimas fases, mas isso vai depender muito da análise que vai ser feita pela força-tarefa”, disse Mazzotti, em entrevista exclusiva ao Campo Grande News.
A nomeação foi oficializada hoje em Diário Oficial. A chefia em MS não é novidade no currículo de Mazzotti. Vindo do Paraná, onde trabalhou como delegado, chegou ao Estado em 2015 para assumir a Delegacia Nacional de Combate ao Crime Organizado. Mas, de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, assumiu a superintendência interinamente, até a efetivação de Luciano Flores de Lima na função. “Sendo interino, você vai apagando incêndios”. Agora, garante continuidade ao trabalho dos antecessores, mas imprimindo seu foco na gestão.
Entre as ações, a melhoria no posto aduaneiro Esdras, em Corumbá, passando de três para seis pontos de atendimento, com objetivo de acabar com as filas na imigração. Em dias normais, cerca de 250 pessoas são atendidas, porém, em época de pico, como feriados e Carnaval, passa para 1,5 mil diários. Sete policias já foram enviados para auxiliar nos trabalhos. Segundo ele, em breve haverá "melhorias muito boas".
Na lista de reformas, constam as delegacias de Corumbá e Ponta Porã. A pretensão é abrir licitação este ano para que em 2020 os problemas estejam sanados. "É o que pretendo, se possível, não dá para garantir; é que nem jogador de futebol, eu prometo fazer o máximo, não posso prometer fazer gol".
Fronteira – Além da ação contra corrupção, o narcotráfico e o contrabando são pontos sensíveis em MS, com extensa fronteira seca com Paraguai e Bolívia. Mazzotti diz que o importante não é somente a apreensão nas estradas, que é a ponta da atividade criminosa, mas tentar estrangular as fontes que alimentam as facções.
“A inteligência tem que combater e dificultar as atuações delas [facções] na fronteira e retirar o que realmente fomenta a organização criminosa, que é patrimônio”. Em 2018, MS foi o segundo estado no País em apreensão de bens ligados aos traficantes, R$ 87,08 milhões de total de R$ 451,534 milhões, representando 19,82%.
O superintendente disse que um trabalho de inteligência está sendo desenvolvido na região de fronteira desde começou a aumentar, sistematicamente, o número de mortes na região, mas não detalhou as ações.
Investigações – Na avaliação de Mazzotti, o Estado no foco de atenção da chefia nacional da Polícia Federal. “MS é extremamente importante, significativa, é fronteira porosa, tem demanda de trabalho maior; estamos sendo tratados de forma prioritária, é o meu sentir nesse início de administração”. Ele ressaltou que, apesar de atuar dentro das características do Estado, não se pode esquecer de ações contra pedofilia, crimes previdenciários e ambientais. "Vamos atuar em todas as frentes que precisamos atuar".