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Prefeitura teve três sedes e mantém sonho de ter centro administrativo

Leonardo Rocha | 01/08/2015 08:06
Prefeitura teve três sedes e mantém sonho de ter centro administrativo
Na primeira sede da prefeitura, agora funciona o edifício 26 de Agosto, no Centro da cidade (Fernando Antunes)
Na primeira sede da prefeitura, agora funciona o edifício 26 de Agosto, no Centro da cidade (Fernando Antunes)
Segunda sede da prefeitura era na Avenida Afonso Pena, com rua Calógera, hoje funciona uma agência bancária (Foto: Fernando Antunes)
Segunda sede da prefeitura era na Avenida Afonso Pena, com rua Calógera, hoje funciona uma agência bancária (Foto: Fernando Antunes)
Imagem da primeira sede da prefeitura, na rua 26 de Agosto (Foto: Reprodução - Álbum Marechal Rondon - Acervo Arca)
Imagem da primeira sede da prefeitura, na rua 26 de Agosto (Foto: Reprodução - Álbum Marechal Rondon - Acervo Arca)

A Prefeitura de Campo Grande em toda história política e administrativa teve três sedes e um sonho que passou pela cabeça de vários gestores de construir um centro administrativo municipal, nos moldes do Parque dos Poderes, que abrigaria os principais órgãos administrativos e a Câmara Municipal.

O primeiro local a abrigar a sede da prefeitura foi na rua 26 de Agosto, entre as ruas Calógeras e 14 de julho, onde funciona atualmente o Edifício 26 de Agosto. No Álbum Marechal Deodoro, de 1971, sobre a Cidade Morena, mostra a imagem da primeira sede, tendo no fundo o Palácio do Comércio, onde hoje está justamente a Associação Comercial de Campo Grande.

O segundo prédio da prefeitura foi inaugurado em 1912, esquina da Avenida Calógeras, com a Avenida Afonso Pena, que antes eram conhecidas de Marechal Hermes e Santo Antônio. Este 2° prédio de alvenaria, era chamado de intendência municipal, nome dado às prefeituras naquela época.

Proposta - Esta ação ocorreu depois que o intendente Apulcro Brasil, no dia 20 de janeiro de 1911, deu um prazo de 15 dias, para apresentação de proposta para construção da sede do paço municipal. Amando de Oliveira e Antônio G. Fagundes entregaram o projeto que originou construção, tendo custo na época de 20 contos de réis. O contrato foi celebrado em 23 de janeiro de 1912 e no mesmo ano estava pronto o novo prédio.

De acordo com o livro “Pelas Ruas de Campo Grande – Grande Avenida”, de Paulo Coelho Machado, a construção desta segunda sede era modesta, com paredes espessas, portas e janelas envidraçadas, pintura bege claro, sendo o construtor Alexandre Tognini.

Ele inclusive esteve a frente da reforma no local em 1920, quando entre as alterações estava a colocação de um escudo da cidade e enfeites na porta de entrada. Também tinha no lugar a sede da Câmara dos Vereadores, que fazia as sessões no período noturno.

Paço Municipal ficou pronto em 1979, após nove anos de projeto em andamento (Foto: Arquivo)
Paço Municipal ficou pronto em 1979, após nove anos de projeto em andamento (Foto: Arquivo)

Paço Municipal - Com o tempo o local ficou pequeno e algumas repartições tiveram que se deslocar para outras dependências, quando na década de 70, o então prefeito Antônio Mendes Canale, resolveu vender o prédio para firma Construmat por 700 mil cruzeiros, investindo o recurso para construção da nova sede do Paço Municipal.

Este novo Paço Municipal, na Avenida Afonso Pena, entre as ruas Arthur Jorge e 25 de Dezembro, ficou pronto apenas em 1979, nove anos depois do início do projeto. Em 1973, Levy Dias assumiu a prefeitura, mas como não ficava pronta a nova sede, teve que funcionar no andar superior da Estação Ferroviária.

No livro “Campo Grande Memórias em Palavras”, de Maura Simões, o prefeito Canale narra esta história dizendo que resolveu vender o antigo prédio porque este não tinha mais condições de expandir. O novo foi inaugurado em 1979, pelo então prefeito Marcelo Miranda, poucos meses depois dele entrar, porque já estava quase pronto.

Ele lembrou que quem projetou o atual Paço Municipal foi Hércules Maymone, por não ter situação regularizada, Jurandir Nogueira entrou com mandado de segurança e o engenheiro Roberto Oshiro teve que assumir a planta.

A nova sede da prefeitura tinha construção moderna e ampla para época, abrigava todos os órgãos municipais, além da Câmara dos Vereadores, tendo jardim e estacionamento a disposição. Depois da criação de Mato Grosso do Sul, com Campo Grande alçada a condição de Capital, começaram a aparecer novamente os problemas de espaço, tanto que muitas repartições foram para outros locais em casas alugadas, espalhadas pela cidade.

Centro Administrativo – Começou a circular a proposta de construir um centro administrativo, nos moldes do Parque dos Poderes, onde teria a sede da prefeitura, secretárias e Câmara Municipal. Ideias surgiram como a utilização do amplo terreno no bairro Santo Amaro, onde foi o antigo Aeroporto da Base Aérea e a missa campal do papa João Paulo II.

O prefeito Nelsinho Trad (PMDB), durante a sua gestão, chegou a estudar e anunciar a construção de um novo Paço Municipal, em espaço amplo, para a construção de centro administrativo, que seria no Parque dos Poderes, em área localizada na saída de Três Lagoas, mas o projeto não vingou.

Alcides Bernal (PP) também cogitou a mudança, quando entre os problemas vigentes, estava o despejo dos vereadores da atual sede da Câmara Municipal. Ele afirmou que iria construir este centro (administrativo) para resolver a situação estrutural, inclusive sugerindo na época uma área em frente ao Aeroporto, no entanto também nada saiu do papel.

Comércio – A equipe do Campo Grande News foi até os locais onde funcionaram as sedes da prefeitura. Na primeira está o Edifício 26 de Agosto. “Não teria como ser aqui (prefeitura) nos tempos de hoje, muito movimento, poucas vagas de estacionamento, para o comércio até seria um atrativo, devido a quantidade de servidores e fluxo de pessoas”, diz o vendedor Jeferson Alves, que trabalha em uma loja ao lado do local.

A corretora de crédito, Rose Franco, 40, que trabalha em um loja na frente do edifício, ressalta que seria bom para o comércio, mas que pelo movimento grande no local, não faria grande diferença.

Já na segunda sede, na Avenida Afonso Pena, com a rua Calógeras, funciona uma agência bancária. “Hoje para nós é melhor um banco do que uma prefeitura aqui, pois o movimento não interfere”, afirma a vendedora Caroline Oro, 27 anos, de uma loja ao lado onde existia a prefeitura.

Já Paulo Azambuja, 55, que vende ervas em frente ao local, lembra da sede naquele endereço e diz que poderia permanecer ali por estar em um lugar mais central e acessível. “Era moleque quando a prefeitura estava aqui, o que iria complicar é o estacionamento nos dias de hoje”.

A coordenadora da Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande), Leoneida Ferreira, ressaltou que este resgate da história de Campo Grande e de seus personagens e principais órgãos faz parte da cultura da cidade que deve ser valorizada. No local (Arca) possui muitos livros e publicações que retratam esta realidade do passado e os motivos que levaram as mudanças feitas pelos gestores.

Paulo Azambuja lembra quando prefeitura ficava na rua Calógeras e diz que o local era mais adequado, do que o atual (Foto: Fernando Antunes)
Paulo Azambuja lembra quando prefeitura ficava na rua Calógeras e diz que o local era mais adequado, do que o atual (Foto: Fernando Antunes)
A vendedora Rose Franco diz que não faria tanta diferença no comércio, além disto um banco é melhor do que uma prefeitura (Foto: Fernando Antunes)
A vendedora Rose Franco diz que não faria tanta diferença no comércio, além disto um banco é melhor do que uma prefeitura (Foto: Fernando Antunes)
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