A faixa que virou denúncia: artista lembra cada nome apagado pelo feminicídio
Gesto simbólico ganhou força nas ruas e escancarou a dimensão da violência de gênero no Estado
RESUMO
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Durante o ato "Levante Mulheres Vivas" em Campo Grande, Erika Pedraza exibiu uma faixa com os nomes das 37 vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul em 2023. A manifestante, que já sofreu violência doméstica, transformou sua experiência em protesto, humanizando as estatísticas ao lembrar que cada vítima tinha história e vínculos. O protesto, que reuniu cerca de 150 pessoas, faz parte de uma mobilização nacional contra a violência feminina. Dados da Sejusp revelam que, além dos feminicídios, o estado registrou 1.819 estupros e 18.508 casos de violência doméstica até novembro. No Brasil, são quatro mulheres assassinadas diariamente.
A faixa carregada por Erika Pedraza durante o ato “Levante Mulheres Vivas”, neste domingo (7), em Campo Grande, ampliou a força do protesto ao expor, um a um, os nomes das 37 mulheres vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul em 2025. A artista transformou a própria dor em denúncia. Ao caminhar com a capa estampada, ela lembrava que cada nome pertenceu a alguém que tinha história, rotina, vínculos, sonhos interrompidos.
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“Eu achei importante colocar o nome delas aqui para não colocá-las somente como um número. Elas eram mulheres, mães, irmãs, tias, filhas, enfim, eram alguém especial na vida de pessoas. Eu sofri violência doméstica e eu sei como é difícil vivenciar isso. E eu sei o quanto é importante ajudar essas mulheres, seja com emprego, apoio psicológico, seja com políticas públicas, porque se eu não tivesse uma formação, uma rede de apoio, eu não conseguiria levantar, arrumar minha vida e viver sem meu agressor”, disse Erika, ao explicar por que decidiu transformar os nomes em uma faixa-capa.
Queria que as vítimas fossem vistas além das estatísticas, reforçou: “Eu acho fundamental lembrar que elas significavam algo para alguém. Ninguém aqui é número.”

A lista que Erika exibiu trazia mulheres mortas em diferentes cidades do Estado desde fevereiro. Estavam ali Karina Corim, Vanessa Ricarte, Juliana Domingues, Mirieli Santos e Emiliana Mendes, todas assassinadas no início do ano. Seguiam-se os nomes de Giseli Cristina Oliskowiski, Alessandra da Silva Arruda e Ivone Barbosa da Costa Nantes, além de outras vítimas de maio, como Thácia Paula Ramos, Simone da Silva, Olizandra Vera Cano, Graciane de Sousa Silva, Vanessa Eugênia Medeiros e a bebê Sophie Eugênia.
A faixa também registrava casos que abalaram Campo Grande e o interior: Eliana Guanes, Doralice da Silva, Rose Antônia de Paula, Michelly Rios Midon Oruê, Juliete Vieira, Cinira de Brito, Salvadora Pereira, Dahiana Ferreira Bobadilla e Érica Regina Moreira Motta. A sequência avançava com nomes marcados por histórias de rompimentos não aceitos, violência doméstica contínua ou ataques cometidos por familiares: Dayane Garcia, Iracema Rosa da Silva Santos e Ana Taniely Gonzaga de Lima.

Outubro e novembro acrescentaram ainda mais tragédias: Gisele da Silva Saochine, Erivelte Barbosa Lima de Souza, Andreia Ferreira, Solene Aparecida Corrêa, Luana Cristina Ferreira Alves, Aline Silva, Maria Aparecida do Nascimento Gonçalves, Rosimeire Vieira de Oliveira Gonçalves, Irailde Vieira Flores de Oliveira, Gabrielli Oliveira dos Santos e Alliene Nunes Barbosa.
Erika, que também atravessou a experiência da violência doméstica, contou sentir a dor dessas mulheres mesmo sem detalhar a própria história. Sua fala durante a manifestação sintetizou o gesto simbólico, dar rosto, humanidade e memória às vítimas. Ao erguer a faixa-capa, ela expôs um incômodo inevitável. Se cada nome carrega uma vida inteira, por que essas histórias seguem terminando da mesma forma? A provocação ficou no ar, assim como a exigência de quem marchou no domingo: que as mulheres vivas continuem vivas.

Movimento nacional - A ação ocorre simultaneamente em diversas cidades do país para denunciar a escalada da violência contra a mulher. Em Campo Grande, a mobilização reuniu, pelo menos, 150 pessoas na Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho, onde mulheres, crianças, apoiadores e até alguns homens ocuparam o espaço com cartazes de encorajamento e indignação.
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