Medida protetiva não foi capaz de salvar Alliene, morta com 23 facadas
Ex-guarda municipal foi assassinada pelo ex-companheiro, o venezuelano Cristian Alexander Cabeza Henriquez
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Há meses, a ex-guarda municipal Alliene Nunes Barbosa, 50, sofria nas mãos do ex-companheiro, Cristian Alexander Cabeza Henriquez, 44. Ameaças, agressões e até tentativa de estupro fazem parte dos crimes praticados pelo ex-militar venezuelano contra a mulher.
- Leia Também
- Onda de feminicídios transforma novembro no mês mais letal para mulheres em MS
- Venezuelano relata ciúmes e brigas constantes, mas nega ter matado ex-guarda
Nem mesmo a medida protetiva determinada pela Justiça, que o impedia de se aproximar da vítima, e a tornozeleira eletrônica usada para monitorar seus passos foram suficientes para salvar a vida de Alliene.
Por volta de 23h20 deste domingo (23), Cristian invadiu a casa onde Alliene morava com o filho de nove anos, na Vila Sulmat, em Dourados (cidade a 251 km de Campo Grande), e a matou com 23 golpes de faca. Alliene se tornou a 37ª vítima de feminicídio neste ano em Mato Grosso do Sul.
O menino presenciou a mãe ser assassinada pelo ex-padrasto. Antes de fugir, o criminoso trancou o portão e deixou o garoto preso na casa, mas ele conseguiu fugir e pediu socorro ao vizinho. O homem chamou a Polícia Militar.
Cristian Alexander foi localizado pela PM na casa da mãe, na Vila Industrial (veja o vídeo acima). Inicialmente, ele confessou ter matado a ex-companheira. Entretanto, em depoimento ao delegado Marcos Werneck Pereira, da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), negou o crime e apresentou versão confusa sobre os fatos.

Histórico de violência – Antes do feminicídio, o crime mais recente praticado por Cristian contra a ex-companheira e denunciado por ela à polícia ocorreu no dia 5 de outubro deste ano. Já com medida protetiva que o impedia de se aproximar da mulher, ele invadiu a casa dela e a ameaçou. Os policiais tiveram de pular o muro para prender o venezuelano.
A vítima relatou que Cristian chegou por volta das 22h30, arremessou a bicicleta para dentro do quintal, pulou o muro e passou a bater violentamente na porta, proferindo ameaças de morte, além de ligar para comparsas, solicitando apoio e armas.
Alliene afirmou ter se escondido para não ser vista, porém o autor persistiu até conseguir avistá-la no interior da casa, momento em que ela ligou para o 190 e solicitou socorro. Segundo ela, não era a primeira vez que ele descumpria a ordem judicial, expedida seis meses antes.
Cristian foi levado para a delegacia e autuado em flagrante por descumprir a medida protetiva e por ameaçar a ex-companheira. O homem alegou que a ex-guarda municipal o havia procurado após ele sair em regime semiaberto e que os dois tinham reatado o relacionamento. Também negou as ameaças.
O Ministério Público se manifestou pela conversão do flagrante em prisão preventiva. Já a Defensoria Pública alegou não existir motivo para essa medida.
“Embora a palavra da vítima em casos de violência doméstica possua especial relevância, a versão do autuado (de que o casal havia reatado o relacionamento) introduz uma dúvida razoável sobre o dolo de descumprir a medida e a dinâmica real dos fatos, o que deve ser considerado na análise da necessidade de sua segregação cautelar”, afirmou o defensor Rodrigo Vasconcelos Compri.
Na audiência de custódia, no entanto, o juiz Caio Márcio de Britto rejeitou os argumentos do defensor, decretou a prisão preventiva de Cristian Alexander e determinou sua transferência para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados).
Ele deu entrada no presídio no dia 6 de outubro de 2025, mas foi solto no dia 14 deste mês por determinação judicial mediante uso de tornozeleira eletrônica. Nove dias depois, ele matou Alliene. Como os processos estão em sigilo, não foi possível descobrir de qual instância da Justiça partiu a ordem para a liberdade de Cristian.
Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

