"Acabou com os nossos planos", diz mulher que viu marido ser morto a tiros
Velório de pedreiro acontece neste domingo, no centro comunitário do Jardim Tarumã
Familiares e amigos se despedem neste domingo (30) de Francisco Anderson Costa Silva, executado a tiros por Esdras Neiva Garcia, 21 anos, na noite de sexta-feira (28) em um posto de combustível no Bairro São Jorge da Lagoa, em Campo Grande. Para a família há um ponto de interrogação sobre a motivação do crime. "Acabou com a nossa vida, os nossos planos. Quero saber porque ele fez isso", diz a esposa, de 31 anos.
A cabeleireira conversou com a reportagem do Campo Grande News durante o velório. Ela conta que no dia do crime estava no veículo com o esposo, as filhas, de 4 e 13 anos de idade, e a irmã, de 16, quando Esdras chegou armado. "Só chegou e fez", pontua. No dia, a mulher conta que a família seguia para pescar em uma chácara próxima de Aquidauana. "Eu nem vi o que era, só ele chegando e dando os tiros".
Em seguida, a cabeleireira pegou as filhas e tirou do carro. "Tirei minhas filhas de dentro para elas não verem como ele estava. Os meninos do posto levaram a gente em uma salinha, deixei elas lá e corri para o carro". Ela tentou ainda levantar o rosto de Francisco. "Para ajudar a respirar, mas já era tarde. Os bombeiros demoraram para chegar, uma eternidade. Quando ele morreu estava no banco do carro e eu segurando a cabeça dele".
Sobre Esdras ter agido para vingar uma surra por furtar a casa de Francisco, a esposa confirma o episódio de crime, mas afirma que não houve surra. Ela também não acredita que essa tenha sido essa a motivação. "Ele invadiu a nossa casa, quebrou a janela e levou R$ 400 que estava no guarda-roupas, mas meu marido não bateu nele, só discutiu e isso já tem sete anos. De lá para cá nunca mais nem vimos ele", afirma.
A cabeleireira conta que quando aconteceu o furto, o vizinho falou quem era. "Meu marido foi na casa dele, recuperou R$ 250. Eles discutiram, mas ele não agrediu", reafirma. Agora, a mulher diz ter medo. "Tenho medo porque ele ainda não foi preso, é impossível ter sido por conta do roubo, eu quero justiça".
Ela era casada há 13 anos com Francisco. "Um homem maravilhoso, um paizão e muito trabalhador. Saía de casa às cinco horas da manhã e voltava cinco horas da tarde, me ajudava em tudo. Me acordava todos os dias para dar bom dia antes de sair de casa", lembra.
Sobre as filhas, ela diz que a mais nova está abalada. "A pequena conta tudo, ela não está comendo bem, está com minha mãe e não quer mamar. A mais velha está bem triste, mas quer vir se despedir dele". O velório de Francisco acontece no centro comunitário do Jardim Tarumã. O sepultamento será à tarde.
Execução – Francisco foi executado com tiros de pistola 380, um no tórax e outro no abdômen, na noite de sexta-feira quando estava no posto de combustíveis na companhia da esposa e das filhas. A vítima, que havia acabado de parar o veículo para abastecer, foi surpreendida por um homem que chegou por trás da bomba de combustível.
O criminoso sacou o revólver e atirou. Ele mexeu na arma novamente, efetuou outro disparo e fugiu a pé do local.
Foragido – Esdras pulou de um carro em movimento na madrugada de sábado (29). Ele estava em um Fiat Argo branco e o motorista chegou a ser levado para a delegacia, onde contou ter combinado com o suspeito uma corrida de R$ 35 para levá-lo ao Guanandi.
No carro, os policias encontraram uma mochila com uma pistola, três carregadores, munições, roupas e documentos de Esdras, que saiu da Rua Conde da Boa Vista, Bairro São Jorge da Lagoa, em direção a casa de seu pai no Guanandi. Foram feitas buscas no local, mas o rapaz não foi encontrado.
Esdras, de acordo com o apurado pelo Campo Grande News, tem mais de 15 passagens pela polícia, desde quando era adolescente, incluindo três homicídios. Mas também há registros de lesão corporal, roubo e furtos.