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Capital

Acusado de matar segurança diz que foi agredido e que se defendeu a “esmo”

Nadyenka Castro | 14/06/2011 17:35

Declarações foram feitas em juízo

Cristhiano na saída da audiência de acusação, realizada em maio. (Foto: João Garrigó)
Cristhiano na saída da audiência de acusação, realizada em maio. (Foto: João Garrigó)

Cristhiano Luna de Almeida, 23 anos, acusado de matar o segurança Jéferson Bruno Escobar, o Brunão, de 23 anos, disse em juízo na tarde desta terça-feira que foi agredido e apenas se defendeu a “esmo”.

Calmo e preciso nas respostas, o bacharel em Direito contou sua versão sobre o que aconteceu na madrugada do dia 19 de março deste ano dentro e fora da casa noturna de Campo Grande onde Brunão trabalhava. Ao fim do interrogatório, o réu demonstrou estar emocionado.

Primeiramente, Cristhiano declarou não conhecer as testemunhas de acusação, as quais foram ouvidas no dia 5 de maio, a exceção de Rafael de Freitas Mecchi, que foi agredido por ele em 2009. Sobre este caso, falou: “Ele também me agrediu”.

Ainda sobre as testemunhas, o réu disse ter restrições quanto ao depoimento do adolescente que vendia bombons na porta da casa noturna e é apontado pela Polícia Civil como uma das principais testemunhas.

A restrição, explicou o acusado, é porque o garoto, em juízo, contou que foi induzido a dizer muito do que falou à Polícia Civil.

Na casa noturna - Cristhiano, - que por lei tem direito de omitir e/ou mentir sobre os fatos -, disse que chegou à boate por volta das 21h30min do dia 18 e ficou sozinho em uma mesa por cerca de uma hora até a chegada de amigos.

Ingeriu de três a cinco copos de chopp e mais vodka. Após a ingestão das bebidas, definiu o estado em que ficou como “alegre”. “Eu estava alegre.”

A confusão com Brunão e demais seguranças do local começou quando, já “alegre”, Cristhiano fez o que ele trata de “brincadeira infeliz”. Por duas vezes, como ele mesmo confessou, passou a mão nas nádegas de um garçom, que o acusa de ter sido racista.

Ao ser questionado pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, sobre o motivo, o réu não soube explicar. “Toda hora ele passava ao meu lado. Não tem uma razão específica”.

Segundo Cristhiano, após ter passado a mão nas nádegas do trabalhador pela segunda vez, Brunão o abordou e o avisou. “Rapaz, se você não parar com essa brincadeira eu vou tirar você daqui no tapa”.

O jovem voltou a fazer o mesmo ato e em seguida foi abordado pelo segurança, desta vez, para tira-lo de lá. “O segurança me tirou me segurando pelo pescoço e os outros me batendo”.

Injúria - Além de responder por homicídio duplamente qualificado - motivo torpe e que dificultou a defesa da vítima - , Cristhiano Luna também e processado por injúria, pois teria sido racista com o garçom.

Conforme a acusação, ele teria se referido a este garçom como “negueba do Flamengo” “Não foi caráter ofensivo. Eu sou flamenguista e ele [o garçom] se parece com o negueba [jogador]”, justifica o rapaz.

Lá fora- Depois da situação com o garçom, Cristhiano Luna foi tirado do interior do estabelecimento. “Eu fui jogado ao solo, mas antes, eu já tinha sido agredido no corredor, aí eu esperniei. Me defendi a esmo”, explica o movimento de pernas que fazia contra Brunão que aparecem nas imagens feitas pelas câmeras de segurança da casa noturna.

Para ele, foi quando ‘se defendia’, como definiu, que pode ter atingido Brunão. “Eu acredito que neste momento”, respondeu ao magistrado quando questionado sobre quando teria agredido a vítima.

“Quando me tiram, me jogam ao solo e eu me defendo a esmo”. “Talvez ele [Brunão] tenha se inclinado. Talvez meu pé desceu na barriga dele”, concluiu.

Na Polícia - Cristhiano foi questionado pelo promotor de Justiça Renzo Siufi - acusação - sobre o porque de não ter contado à Polícia, quando foi autuado em flagrante, que passou a mão nas nádegas do garçom. “Eu não achei oportuno”, declarou.

Segundo Cristhiano, quando prestou depoimento pela segunda vez à Polícia, já na fase de inquérito, a delegada responsável, Daniela Kades, o induzia a dizer o que ela queria. “Ela ficava me desviando do que eu queria falar”.

Cristhiano estava acompanhado de advogado, o qual, de acordo com ele, conversou com a policial sobre o caso. O depoimento foi assinado pelo réu.

Vídeos- O acusado falou que só viu os vídeos sobre a confusão que levou Brunão à morte quando já estava solto, por determinação do Tribunal de Justiça. “Eles cortaram muitas partes, uma delas é quando me jogam ao solo enquanto outros me agridem”.

Sobre a intenção de matar o segurança, Cristhiano resume. “Nunca tive. Jamais”.

Prisão - Ele foi preso em flagrante e solto menos de dois meses depois. Para se manter fora da cadeia, o réu precisa cumprir uma série de determinações, entre elas não ingerir bebida alcoólica, não chegar em casa após às 22 horas e não frequentar casas noturnas e clubes de lutas. “Estou cumprindo à risca”, finalizou.

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