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Capital

Advogados afirmam não haver provas de que réus participaram de execução

Defesas de Jamil Name Filho e Marcelo Rios alegam que denúncia foi feita em cima de “presunções” da polícia

Por Ana Paula Chuva, Dayene Paz e Ana Beatriz Rodrigues | 18/09/2024 16:11
Pedro Sperb que atua na defesa de Jamilzinho foi o primeiro a falar (Foto: Paulo Francis)
Pedro Sperb que atua na defesa de Jamilzinho foi o primeiro a falar (Foto: Paulo Francis)

Após intervalo de aproximadamente 40 minutos, o júri da execução de Marcel Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão, retornou com a fala das defesas de Jamil Name Filho, o Jamilzinho, e do ex-guarda municipal Marcelo Rios e os advogados foram unânimes em afirmar não haver provas de que os réus participaram do assassinato da vítima em outubro de 2018.

O primeiro a defender a tese foi o advogado Pedro Paulo Sperb Wanderley, que atua na defesa de Jamilzinho. Após os cumprimentos, o defensor pediu que os jurados focassem nas provas do caso que estava sendo julgado nesta quarta-feira (18) e não nas que citam a apreensão de arsenal em casa no Monte Líbano, ou qualquer outro processo.

“Hoje não se julga casa de armas, não se julga estelionato. Tirem de lado a opinião pública e foquem nas provas. Não há um cidadão arrolado aqui que conte o que aconteceu aquele dia. Nada foi trazido nos autos. Não se pode condenar com base em relatório de delegacia. Pela lógica, teríamos que julgar a morte do segurança da boate que separou a briga”, disse o advogado.

Em seguida, a fala foi passada para o advogado Nefi Cordeiro, também defensor de Jamilzinho, que também afirmou não existirem provas no inquérito da participação do cliente na execução de Marcel, ou até mesmo que ele tenha sido o mandante do crime e cita que outras linhas de investigação precisavam ter sido esgotadas antes de qualquer denúncia.

“Temos diversos boletins de ocorrência de ameaça, lesão corporal, stalking de pessoas e os delegados não chamaram ninguém envolvido nesses crimes para esclarecer onde estava no dia do crime. A imprensa trouxe mais linhas de investigação do que o próprio inquérito, nada se fez nesse sentido. Era alguém investigado por tráfico, que brigou com várias pessoas, que cobrava violentamente. Ninguém sequer foi ouvido”, declarou Nefi.

“O mínimo que se esperava era que essas linhas de investigação fossem esgotadas para saber se houve alguma vingança e se essas pessoas tinham um álibi. O Ministério Público não pode ficar refém de uma investigação. Estão trazendo aqui provas de outros processos. O caso do bilhete, o próprio preso negou ter escrito. Disse que ficou sabendo dele na sede da Garras. Estamos aqui para julgar um homicídio específico”, continuou o defensor.

Neffi Cordeiro afirmou que não existem provas contra Jamilzinho (Foto: Paulo Francis)
Neffi Cordeiro afirmou que não existem provas contra Jamilzinho (Foto: Paulo Francis)

Nefi ainda afirma que acharam mais fácil se basear em uma briga que aconteceu anos antes do crime para achar a autoria do homicídio. “Uma organização criminosa tão violenta vai esperar quatro anos para matar alguém? Tivemos falhas de provas. O que existe indicando que Jamil Name Filho matou ou mandou matar Marcel? É preciso ter certeza para a condenação. Se há dúvida, que haja a absolvição”, disse o advogado.

Logo depois, Cordeiro destaca que a acusação cita reiteradamente o depoimento de Eliane Benitez Batalha, ex-esposa de Marcelo Rios, mas que ninguém sabe em que circunstâncias essas conversas informais aconteceram e que nunca viu uma mulher e duas crianças passarem cinco noites dentro de uma das delegacias mais importantes do Estado.

“A preocupação era tanta que a mandaram de volta para casa e nunca mais foram olhar. Se essa morte fosse em 2016, seriam os mesmos autores? Há uma incerteza jurídica para condenar alguém. Quando balança demais eu não posso condenar. É preciso ter convicção. Ninguém pode receber décadas de condenação apenas por deduções”, finalizou Nefi.

Marcelo  Rios – Logo depois quem assumiu o microfone foi Márcio Campos Widal, que atua na defesa do ex-guarda. O advogado afirma que um fato importante precisa ser decidido hoje, mas com base na racionalidade das provas e não por deduções.

“A operação Omertà não está no banco para ser julgada, ela tem quase duas dezenas de ações e o que temos para observar hoje é um fato, uma acusação e as provas precisam falar disso. Não fatos de 2020. O vídeo da agressão impacta e não vou justificar, é uma violência inaceitável, mas não prova nada sobre o homicídio de Marcel Colombo. Não há conexão lógica com crime, mas possíveis lesões corporais e nem deveriam estar nesse processo”, pontuou Widal.

O advogado continua afirmando que o vídeo foi levado apenas para impactar os jurados e que se houvesse algum indício sobre a morte de Marcel, deveria ter sido apresentada na denúncia. “Serve apenas para que se desviem os olhares se há provas ou não, não vou justificar. É um vídeo horrível, mas preciso trazer o que importa. A imagem só alimenta presunções e não esclarece nada”, alegou.

Márcio Widal conversou com a imprensa antes do início do julgamento (Foto: Henrique Kawaminami)
Márcio Widal conversou com a imprensa antes do início do julgamento (Foto: Henrique Kawaminami)

Aos jurados, Widal esclarece que as provas precisam constar no processo para que o fato seja decidido de forma racional para que haja segurança jurídica. Em seguida, ele diz que a arma do crime nunca foi encontrada e se perde muito tempo falando sobre a casa do Monte Líbano, que um dos delegados já havia dito não ter relação com o homicídio.

“É pura presunção. Se houvesse conexão, estariam julgando-o aqui hoje também. A denúncia do Ministério Público define tudo. Ela é a razão de ser do processo, peça essencial e nem cita as interceptações telefônicas sobre as armas. Não há dado telemático sobre o homicídio do Marcel”, explica Widal.

O advogado finaliza alegando que os jurados não precisam analisar o que já foi julgado, ou fatos que dizem respeito a outros processos. E que tudo que foi citado, pen-drives e documentos, se tivessem alguma relevância para o caso estariam nos autos do caso do Marcel. Ele ainda colocou trechos dos depoimentos dos delegados Tiago Macedo e João Paulo Sartori, feitos no primeiro dia do julgamento.

“Marcelo Rios não pode ser julgado por fatos que não estão na denúncia. Não basta dizer que ele participou ou é gerente de uma organização criminosa. É preciso dizer o que ele fez. Não há nenhuma prova de que Rios e Everaldo se comunicaram de alguma maneira, não há nos autos. Estamos debatendo o crime contra Marcel Colombo e não há provas também que ele arregimentou os pistoleiros”, alegou Márcio, finalizando que a prova é um espelho e precisa refletir a realidade do fato a ser julgado.

Marcelo Rios sentado no banco dos réus nesta quarta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)
Marcelo Rios sentado no banco dos réus nesta quarta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)

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