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Capital

Amigo diz que Adriano não tinha inimigos e que família quer Justiça

Edilson Júnior trabalha nos restaurantes da vítima e promete ir às ruas no próximo sábado para protestar contra liberdade provisória concedida a policial que matou Adriano Correia do Nascimento

Rafael Ribeiro | 04/01/2017 12:29
Adriano queria ter restaurante desde que trabalhava em mercado (Foto: Arquivo)
Adriano queria ter restaurante desde que trabalhava em mercado (Foto: Arquivo)

Familiares e amigos próximos do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, farão uma manifestação na tarde do próximo sábado (7) contra a decisão da Justiça de conceder liberdade provisória ao policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47, acusado pelo assassinato ocorrido no último dia 31 de dezembro, na avenida Ernesto Geisel.

Segundo Edilson Salvador Júnior, 18 anos, atendente nos restaurantes japoneses da vítima há oito meses e considerado um de seus melhores amigos, o grupo realizará uma caminhada da praça Ary Coelho até o local da morte, a partir das 15h.

“É uma luta pacífica contra o que aconteceu (liberdade provisória). Estamos indignados. Esse cara (Moon) merecia estar preso. Mas temos muita fé em Deus de que tudo não ficará impune”, apontou Júnior.


Agradecido pelas manifestações de solidariedade recebidas, principalmente pela OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Ministério Público, que pediu a prisão preventiva do policial nesta manhã, Júnior não acredita na versão de Moon de legítima defesa.


“O Adriano era uma pessoa muito feliz, não tinha inimigos, gostava de festas, de se divertir. Levava a vida dele assim, descontraído. Dá raiva de uma pessoa como ele morrer desta forma, por um motivo vazio desses”, disse o atendente.


Segundo Júnior, a notícia foi recebida naquela manhã com um grande choque, já que tinha combinado de ir com Nascimento para sua chácara em Bandeirantes (a 70km de Campo Grande) no dia de seu assassinato. O local era justamente o preferido da vítima.


“Falei com ele na noite anterior. Estava trabalhando no restaurante, disse que iria para casa, para ele me buscar, mas ele avisou que sairia com os amigos e depois precisaria descansar “, completou.


Júnior gostava do trabalho nos restaurantes, feito em consideração ao amigo para ajudá-lo a realizar o sonho. “Sempre foi o maior desejo dele ter os restaurantes, desde que trabalhava em um supermercado. Sabia fazer sushi e queria trabalhar com isso. Por isso vamos continuar com tudo, junto da família. Vamos continuar tocando os negócios”, disse.

Crime - Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá, seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.

Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.

O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo havendo policiais militares no local. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.

Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas.

Liberdade - Apesar de indiciado pela Polícia Civil, Moon responderá o processo em liberdade após a Justiça negar neste domingo (1) o pedido de prisão preventiva por 30 dias. O policial está proibido de viajar e portar armas, além de ser obrigado a passar as noites em casa.

A Corregedoria da PRF também investiga o caso. Afastou Moon de suas atividades, apreendeu sua arma de trabalho e fará uma perícia complementar própria dos fatos.

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