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Capital

Amigos organizam passeata em memória de jovem morta na Praça do Rádio

Atendente foi morta no domingo passado por companheiro de uma ex-namorada

Fernanda Yafusso | 04/02/2016 18:40
Os amigos Mariana Ferrari e Juan Nunes confeccionaram camisetas para a passeata (Foto: Arquivo Pessoal)
Os amigos Mariana Ferrari e Juan Nunes confeccionaram camisetas para a passeata (Foto: Arquivo Pessoal)

"Em algum lugar, pra relaxar, eu vou pedir pros anjos cantarem por mim. Pra quem tem fé a vida nunca tem fim". O trecho é da música Anjos, do grupo carioca O Rappa, a favorita de Thays Giedry Borges dos Santos, 22 anos, morta na noite de domingo (31) na Praça do Rádio Clube, Centro de Campo Grande. Para Mariana Ferrari, 19 anos, amiga dela, as frases representam a coragem que a jovem tinha em vida.

É com uma passeata que amigos e parentes de Thays, que era atendente de uma pastelaria a poucos metros do local do crime e foi assassinada pelo marido de uma ex-namorada, desejam manter as boas lembranças da jovem em suas vidas. O ato está marcado para o dia 14 de fevereiro, domingo, a partir das 9h, partindo da Praça Ary Coelho até a Praça do Rádio Clube.

Amigos de outras cidades também virão para a manifestação. Cerca de 200 camisetas já foram confeccionadas para o ato: na frente, uma foto da garota e, no verso, um trecho bíblico retirado do evangelho de João.

Segundo o estudante Juan Pablo Nunes Ferreira, 18 anos, amigo de Thays há mais de um ano, a jovem tinha um sorriso contagiante e que sempre o acordava fazendo brincadeiras. "Ela era como uma irmã para mim", resume.

Juan lembra que, nos dois últimos meses, estava cada vez mais próximo de Thays. "No dia do velório, falei para os outros amigos que estavam no local para fazermos essa passeata e, como forma de manter a lembrança dela viva, vamos fazer coisas que sempre fazíamos, como tomar tereré, conversar bastante. Esse salmo (sic) na camiseta foi lido durante o velório e significou muito para todos nós, e decidimos usar como forma de homenagem", conta.

Já a amiga Mariana diz que essa manifestação é uma forma de demonstrar o carinho e amizade que todos tinham pela jovem. "A Thays representava alegria para nós em qualquer lugar que chegava. Mesmo nos momentos de tristeza, ela sempre trazia um sorriso no rosto pra gente, e a morte dela foi assustadora. Ela tinha planos de formar uma família e cursar Gastronomia, e a sua maior paixão era cozinhar", explica emocionada.

Mariana lembra com carinho quando se conheceram. "Eu a ajudei após uma crise debronquite asmática. Ela desmaiou e corri para ajudá-la, acabei salvando-a e nos tornamos amigas desde então".

O crime - Conforme a polícia, uma testemunha que trabalhava junto com Thays na pastelaria, contou que a vítima estava trabalhando, momento que recebeu uma ligação de uma pessoa marcando encontro na praça. Ela deixou o expediente e foi até o local, que fica cerca de 70 metros da pastelaria.

Os colegas, então, perceberam que Thays estava demorando e foram até a praça. No local, a encontram já morta. Segundo a polícia, a última ligação que a jovem recebeu, por volta das 23h20, foi de Iris.

Estatísticas - Em Campo Grande, o número de homicídios dolosos caiu 14,7% no ano passado em comparação com 2014, passando de 149 para 127. Para a polícia, a queda está relacionada a um trabalho de prevenção de crimes, como porte e posse ilegal de armas e tráfico de drogas, além do alto índice de esclarecimentos os casos na Capital.

Dados da Polícia Civil mostram que o número de esclarecimento das mortes criminosas em Campo Grande é de 72%, um dos mais altos do Brasil. Em outras unidades da federação o índice de solução desses crimes, com identificação dos autores, fica em torno de 30%.

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