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Capital

Após 3h30, PF sai do Tribunal de Justiça com dois malotes e debaixo de chuva

Desembargador é investigado no CNJ por decisão que resultou na fuga de narcotraficante

Por Aline dos Santos e Antonio Bispo | 08/02/2024 09:47


Após 3h30 e com passos apressados para escapar da chuva, equipe da PF (Polícia Federal) saiu com dois malotes do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, na manhã desta quinta-feira (dia 8).

Com viaturas descaracterizadas, eles chegaram às 6h ao gabinete do desembargador Divoncir Schreiner Maran, investigado por “transações suspeitas”, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O magistrado é alvo da Operação Tiradentes, que é realizada pela PF e Receita Federal, com autorização do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Divoncir também foi afastado da função pública, sob risco de decretação de prisão preventiva.

O desembargador é investigado no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) pela decisão que resultou na fuga do narcotraficante Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão.

Em 21 de abril de 2020, ainda no início da pandemia do coronavírus e feriado de Tiradentes, Palermo foi enquadrado no grupo de risco para a covid e obteve prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico. A decisão aconteceu durante o plantão de Divoncir.

No dia seguinte, 22 de abril, o desembargador Jonas Hass Silva Júnior, relator do processo, revogou a liminar e restabeleceu a prisão. Oito horas após o benefício do regime domiciliar, o chefão do tráfico rompeu a tornozeleira eletrônica e desapareceu. Ele não foi localizado desde então, enquanto o CNJ apura a regularidade da decisão de Divoncir.

Em outra frente, investigação, que levou à operação deflagrada hoje, apura “confusão patrimonial”.

De acordo com a Receita Federal, “considerando uma possível conduta criminosa, as investigações foram ampliadas, chegando a novos suspeitos, os quais apresentaram indícios de participarem em ações na tentativa de ocultar ou elucidar uma eventual confusão patrimonial”.

Num organograma, a Receita menciona magistrado, familiares, sócios, laranja e transações suspeitas. Ao todo, são nove mandados de busca em Campo Grande e Bonito. Além do gabinete, o roteiro da PF incluiu escritórios de advocacia. As buscas nestes locais foram acompanhadas por comissão da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil). A operação reúne nove auditores-fiscais e analistas tributários da Receita Federal e 46 policiais federais.

Aposentadoria – O desembargador está a dois meses de se aposentar porque vai completar 75 anos, idade limite para atuar no Tribunal de Justiça. A aposentadoria será em 7 de abril, um dia depois do seu aniversário.  O TJMS não vai se manifestar sobre a operação. O Campo Grande News não conseguiu contato com o desembargador.

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