Após caos e morte, conselho defende estado de emergência na saúde
Conselho Municipal de Saúde estuda recomendar à Prefeitura de Campo Grande que decrete situação de emergência para amenizar o caos da falta de leitos pelo SUS. Ontem, segundo a entidade, havia 45 pessoas nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) precisando ser internadas em hospitais, das quais cinco tinham quadro clínico considerado crítico e demandavam vagas de UTI. Já houve até morte de paciente a espeera por uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva.
Sebastião Junior, integrante da mesa diretora do Conselho, afirma que enfermeiros mantiveram pacientes mais graves em ambus, que são balões para respiração mecânica operados manualmente.
Diante do desespero, famílias correm atrás de apoio para não deixar os parentes padecerem sem atendimento adequado. No dia 25, o juiz Fernando Paes de Campos, da 3ª Vara de Fazenda Pública, deu doze horas para que o município providenciasse vaga de UTI para uma idosa de 101 anos que estava em uma UPA.
Segundo a advogada que ajuizou a ação, Vanessa Tomaz, a demanda foi cumprida durante a noite de terça-feira e a paciente foi levada para a Santa Casa.
Eduardo Cury, coordenador do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), relata que uma equipe foi solicitada para transferir uma pessoa que também estava em uma UPA para um hospital particular depois que a família conseguiu recursos para bancar o leito.
“Essa situação aconteceu durante o fim de semana. Se for iniciativa da família e formos solicitados, temos que levá-los onde pediram”, conta.
Fim do túnel – Para Sebastião Junior, a situação de emergência possibilitaria que a cidade reunisse recursos para compra de equipamentos ou até mesmo comprasse vagas em unidades privadas com maior facilidade. Também permitiria que fosse firmado, por exemplo, convênio com o Hospital Geral do Exército, que dispõe de alguns leitos de cuidado intensivo, mas que precisa de autorização da União para receber pacientes do município.
Na sexta-feira, segundo ele, foi marcada uma reunião entre a Sesau (Secretaria de Saúde de Campo Grande), membros do Conselho Municipal de Saúde, Ministério Público e representantes dos hospitais públicos e particulares da cidade para tentar possíveis soluções para a demanda. “Caso não seja possível, vamos fazer a recomendação”, afirma.