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Aposta no quartel: oficial corintiano ameaça transferir praça palmeirense

Assunto mais comentado na internet, transferência de soldado 'à força' para Amambai foi brincadeira interna em Batalhão após derrota em aposta sobre o clássico entre rivais paulista da última quarta-feira

Rafael Ribeiro | 14/07/2017 12:29
O documento, falso, sobre a aposta feita entre os policiais antes do dérbi paulistano pelo Brasileiro (Foto: Reprodução)
O documento, falso, sobre a aposta feita entre os policiais antes do dérbi paulistano pelo Brasileiro (Foto: Reprodução)
Tenente-coronel Ajala: "nem vi o jogo por causa da chegada do Bolsonaro" (Foto: Marcus Moura/Arquivo)
Tenente-coronel Ajala: "nem vi o jogo por causa da chegada do Bolsonaro" (Foto: Marcus Moura/Arquivo)

O papel é timbrado, os números de documentação estão todos lá corretos, a escrita é formal e o documento está assinado. Mas é uma brincadeira. Onde o tenente-coronel Mário Angelo Ajala, comandante do 1º Batalhão de Polícia Metropolitana, em Campo Grande, transfere um soldado subordinado por conta de uma aposta firmada na vitória por 2 a 0 do Corinthians sobre o Palmeiras na última quarta-feira (12), pelo Campeonato Brasileiro.

No falso documento, com data de quinta-feira e supostamente endereçado ao subcomandante geral da corporação, Ajala determina a transferência do soldado, lotado na Força Tática da 4ª Companhia, para Amambai (a 360 km da Capital). “Informo que tal transferência se deve a uma aposta entre esse comandante e o soldado, onde se o time do Palmeiras perdesse (...), o praça seria transferido”, informa o texto.

“Foi uma grande brincadeira. Esse policial é meu amigo há muito tempo e a gente fica zoando um com o outro, com essas apostas. Já fizemos outras em outros jogos”, disse Ajala, ao Campo Grande News.


Segundo o comandante, o tom de brincadeira fica claro em um vídeo gravado no momento da aposta e que viralizou entre a corporação antes do clássico paulistano.

Ajala, contudo, esclarece que o falso ofício não foi criação sua. “Nem assisti ao jogo, pois estava trabalhando na chegada de Bolsonaro (Jair, deputado federal do PSC que desembarcou na Capital na noite de quarta). Logo que acabou (a partida), o pessoal começou a cobrar a aposta pela internet. Cheguei no quartel no dia seguinte e o papel já estava circulando”, explicou.

A reação do tenente-coronel foi gravar outro vídeo com o soldado perdedor. Desta vez, novamente em tom de brincadeira, disse que na verdade iria mandá-lo para Dois Irmãos do Buriti (a 83 km de Campo Grande) “cuidar da muralha do presídio” e recomendar que ele "troque de time."


“Jamais a PM transferiria alguém por conta de uma aposta. Existem regulamentos, nunca algo assim seria permitido. É mais um sinal de proximidade do comando com a equipe. De amenizar o ambiente. Somos unidos. Tanto que chamo eles de meus guris”, completou o comandante.


Para Ajala, o clima informal e descontraído é necessário e não cabível de punições, até por ser algo interno. “Vivemos tempos difíceis demais, tristes demais, com notícias constantes de policiais baleados ou atacados”, disse.


“Eu noto que a tropa não tem mais aquela união de outros tempos. Diariamente enfrentamos problemas na carga de 24 horas de serviço e não conversamos ou convivemos juntos mais, não há mais proximidade. É tudo muito intenso, o trabalho, a negociação salarial da classe. Precisamos trazer mais alegria também”, definiu o tenente-coronel.

O comando-geral da PM foi questionado pelo fato, mas não respondeu a reportagem até a conclusão deste texto.

Veja um dos vídeos gravados por Ajala abaixo:

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