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Capital

Bebê passou por exame na Santa Casa; hospital enfrenta falta de especialista

Santa Casa disse que recém-nascido precisa se fortalecer caso seja necessária cirurgia

Maristela Brunetto e Idaicy Solano | 04/07/2023 11:46
Hospital informou que bebê passou por exame e terá atendimento especializado. (Foto: Arquivo/ Kísie Ainoã)
Hospital informou que bebê passou por exame e terá atendimento especializado. (Foto: Arquivo/ Kísie Ainoã)

O recém-nascido Paulo, internado em UTI (unidade de terapia intensiva) neonatal da Santa Casa foi submetido a um exame de ecocardiograma na noite desta segunda-feira e terá acompanhamento especializado, segundo informações repassadas esta manhã pela assessoria do hospital. A mãe do bebê, bióloga Jéssica Loyola Guimarães, de 39 anos, relatou o drama à reportagem do Campo Grande News nesta segunda-feira, após não conseguir informações sobre atendimento especializado.

Após a veiculação da reportagem, Jéssica foi informada que realizariam exames no bebê, que nasceu prematuro, situação que já era previsível diante da cardiopatia congênita. Paulo nasceu com 775 gramas e foi levado direto para a UTI.

A mãe, que morava em Natal e tinha a previsão de mudança para Campo Grande, contou que só veio antes do parto porque recebeu a garantia que havia a oferta de serviço especializado na rede pública. Era preciso logo após o nascimento submeter o bebê a exames para identificar o tipo de cardiopatia que ele tem

O hospital informou, por meio de nota, que foi possível realizar o exame no final da noite de ontem. A Santa Casa apontou que três especialistas se desligaram do quadro e foi preciso contatar um profissional.

Conforme a Santa Casa, a contratualização do hospital com o SUS (Sistema Único de Saúde) é para cirurgia cardíaca pediátrica e não cardiologia pediátrica, que seriam áreas correlatas mas com profissionais distintos. Os médicos que saíram do hospital são da cardiologia.

Os médicos que deram os primeiros atendimentos revelaram à Jéssica que se encontravam “de mãos atadas”, conforme ela. Após a reportagem de ontem, a Secretaria Municipal de Saúde interveio e houve a garantia de que o bebê seria atendido por especialista.

No caso de Paulo, o hospital argumentou que não houve anteriormente passagem da mãe pelo serviço de gestação de alto risco da instituição e que, portanto, não havia previsão de que seria necessária avaliação do bebê por equipe especializada, o que só ficou evidente ontem.

“A partir deste momento que tivemos conhecimento de que o recém-nascido precisaria ser avaliado pela equipe de Cirurgia Cardiovascular Pediátrica”, constou em trecho da nota, que apontou ainda que “todos os protocolos de atenção ao bebê cardiopata foram tomados e todas as medicações necessárias foram administradas, uma vez que o recém-nascido é prematuro extremo, pesando entre 700 e 800 gramas.”

Como se trata de um bebê prematuro, ele precisará evoluir em seu quadro para receber algum procedimento especializado. Segundo a nota,“ é necessário que o pequeno passe por procedimentos que fortaleçam seus pulmões, esqueleto, cérebro e outras partes essenciais, para que a cirurgia seja um sucesso. Até que isso ocorra, a criança será tratada com todas as medicações necessárias e com as melhores técnicas possíveis, recebendo toda a atenção que pudermos disponibilizar.”

Caso anterior - Esta não é a primeira vez que mães enfrentam o drama que agora Jéssica precisa passar. A Santa Casa oferece este tipo de especialidade, no entanto, mães se deparam com a falta de cardiologistas quando levam seus bebês ao hospital.

A enfermeira Gabrielle Montalvão viveu um drama ainda maior. Em maio ela perdeu o pequeno Caleb, de três meses, na Santa Casa. Profissional da saúde, ela presenciou o quadro do filho se deteriorando até ele morrer.

Gabrielle tomou conhecimento do novo caso e relatou à reportagem que há um grupo que já reúne cerca de 40 mães de crianças cardiopatas, que se conectaram formando uma rede de apoio. Segundo ela, há familiares que levaram seus filhos para tratamento em São Paulo.

A enfermeira contou que denunciou a morte do bebê à Polícia Civil e ao Conselho Regional de Medicina. Ela também acionou o hospital na Justiça. Segundo ela, a informação que chegou é que o hospital não teria especialista de forma permanente, o que agrava risco de morte diante da gravidade das cardiopatias de muitos bebês e crianças.

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