Cansados de "respirar fuligem", moradores pedem ajuda no Santo Eugênio
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Os incêndios frequentes na Vila Santo Eugênio transformou em rotina para os moradores "respirar fuligem". Ninguém aguenta mais a fumaça, muitas vezes provocada pelos próprios vizinhos.
Dividindo cerca de arame farpado com o último incêndio, a casa de Aires Queiroz, de 54 anos, teve parte da parede tocada pelo fogo, localizada na Vítor Meireles com rua dos Democráticos. De acordo com o autônomo, dormir durante as últimas noites tem sido castigo.
Ainda assustado com o fogo, Aires conta que o problema é recorrente na região e acontece tanto em áreas privadas, como no incêndio que se repetiu entre domingo (13) e terça-feira (15), quanto em espaços de reserva pública.
O que você imagina é sua casa no chão quando o fogo chega perto. A gente fica com medo de fechar o olho e acontecer algo, queimar tudo o que a gente tem.
Ele explica que o problema acontece em vários períodos do ano, mas que nos últimos meses a ocorrência tem se intensificado. “O pior de tudo é que está bem seco e a fumaça deixa ainda pior, nossa respiração tem ficado complicada”, disse.
Durante a tarde desta terça-feira, algumas chamas ainda consumiam vegetação em terreno e queimavam parte de uma árvore na rua Vitor Meireles, ilustrando o cenário relatado pelo morador.
Sem se acostumar com a rotina de fumaça, Aparecida Souza de Oliveira, de 74 anos, colocou a casa para vender. “Criei meus filhos aqui, são 27 anos de bairro, mas não tem condição de piorar ainda mais minha saúde. Já tenho enfisema pulmonar, não consigo nem dormir com esse fogo”.
Aposentada, Aparecida diz que os vizinhos são parte da família e que “dói o coração” decidir se mudar devido aos incêndios. “Na noite de domingo eu acordei 4 horas da manhã e nem inalação consegue salvar direito. Além da sujeira que vem parar aqui, as cinzas”.
No mesmo dilema, a vizinha Rosany Costa, de 63 anos, explica que a agonia é rotina durante as madrugadas. Com a fumaça entrando pelas janelas, ela diz que o jeito é espalhar toalhas molhas por todos os cômodos.
Quando chega 1 hora da madrugada não consigo dormir, no domingo de noite parecia que eu tinha feito uma fogueira dentro de casa.
Sem saber o que fazer, Rosany diz que pensou em buscar ajuda médica, mas ficou com medo da pandemia. “Eu quero sair daqui de casa porque não consigo respirar, mas tenho receio de ir em hospital e acabar com outra doença”, explicou.
Há três anos no bairro, a moradora diz que já tentou conversar com os vizinhos e descobrir quem coloca fogo nos locais, mas nunca flagrou. “É triste demais essa situação, a impressão que dá é que incendiar as áreas é liberado. A gente fica sem saída”.
Denúncias - Questionada pela reportagem sobre qual procedimento tomar em casos de incêndios em vegetação, a assessoria da Prefeitura de Campo Grande explicou que o primeiro passo é ligar para o Corpo de Bombeiros. Essa ação é necessária para verificar se existem riscos aos vizinhos.
Depois os moradores podem ligar para o 156 e denunciar a queimada, assim a fiscalização da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) será enviada ao local. Caso constatada a irregularidade em terrenos particulares, o proprietário poderá ser multado entre R$ 2.414,50 e R$ 9.658.
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