Chuva diminui fila em frente a bancos e quem apareceu comemora
No início da manhã, poucas pessoas na fila, cenário bem diferente das últimas semanas
Em mais um dia de fila em frente às agências da CEF (Caixa Econômica Federal), a chuva parece ter espantando muita gente. Hoje, poucos se aventuraram a enfrentar o tempo e madrugaram para garantir o auxílio emergencial de R$ 600.
Na agência da Coronel Antonino, pouco mais de 16 pessoas se protegiam sob as duas tendas montadas no decorrer da semana para atendimento. A maioria, sem máscaras.
O primeiro a chegar foi João Alves da Silva, 58 anos, que caiu da cama e, às 4h, estava na porta do banco. “Eu pensei em vir mais cedo para me garantir”, disse, acrescentando que nem a chuva forte o demoveu. “Ajudou, espantou o pessoal”.
Quem também enfrentou a chuva forte foi o jardineiro Wilson Maurílio, 43 anos, que chegou às 5h20. “Vale a pena, pela necessidade”, disse. Também comemorou ao ver que tinham poucas pessoas. “A chuva espantou”.
Maurílio disse que desde o início da pandemia viu o trabalho minguar e comemorou quando viu que teve o benefício aprovado, ontem. Ele mora sozinho no Nova Lima e irá usar o dinheiro para pagar aluguel de R$ 350, pagar contas de água, luz e, com o que sobrar, comida. “Vou me virando”.
Por volta das 7h, funcionário abriu as portas da agência para que as pessoas se acomodassem na área dos caixas eletrônicos. Uma delas foi a diarista Elodia Hortellado, 49 anos, que teve cadastro aprovado ontem e foi sacar o auxílio. Ela aproveitou uma carona, chegou por volta das 5h30 e ocupou a 10ª posição na fila, tentando se proteger da chuva. “A gente tem que vir, tem que pagar as contas”.
Na agência da Caixa da Avenida Bandeirantes, cerca de 20 pessoas já estavam na fila antes das 7h. Os funcionários abriram o estacionamento da parte lateral, coberto, para que as pessoas se abrigassem. Quando o atendimento começou, o segurança ia até o beneficiário, entregava guarda-chuva para que a pessoa atravessasse a parte descoberta. Novamente, vários flagrantes de pessoas sem máscaras.
A diarista Andreia Auxiliadora, 42 anos, estava perto de ser chamada. Moradora do Residencial Celina Jallad, saiu às 5h30, de bicicleta, e foi até a casa da mãe, no Jardim Leblon e, de lá, decidiu ir a pé, com medo do movimento no banco e de não ter onde guardar o veículo.
Andreia calcula que foram 30 minutos de caminhada, interrompida no momento que a chuva ficou mais forte e teve que se abrigar no toldo de uma loja. Quando chegou, pelo menos 9 pessoas já estavam na fila. “Cheguei aqui encharcada”, disse. “Até pensa e desistir, mas preciso do dinheiro, porque nesse momento é bem-vindo, vai ajudar muito”. Fazendo poucas diárias desde o início da pandemia, hoje teve de pedir dispensa para ir ao banco e irá trabalhar à tarde. “Espero que tudo dê certo”.