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Capital

Com deficit de R$ 540 mil, ala de psiquiatria da Santa Casa pode fechar de novo

Hospital teve prejuízo para manter 20 leitos durante 2022 e pede aumento de repasse à Prefeitura da Capital

Caroline Maldonado | 06/02/2023 12:38
Ala de psiquiatria da Santa Casa (Foto: Arquivo/Caroline Maldonado)
Ala de psiquiatria da Santa Casa (Foto: Arquivo/Caroline Maldonado)

Reaberta em dezembro de 2021, a ala psiquiátrica da Santa Casa corre o risco de ser fechada novamente. O setor não era interligado ao SUS (Sistema Único de Saúde), quando foi fechado em 2017, em função dos altos custos. Quatro anos depois, a reabertura veio com inserção na rede pública e um repasse de R$ 75 mil por mês, sendo R$ 50 mil do Governo Federal e R$ 25 mil do Governo de Mato Grosso do Sul. No entanto, o montante não é suficiente, além de que o contrato com a prefeitura para o repasse federal foi encerrado em dezembro do ano passado.

A Santa Casa teve deficit de R$ 540 mil para manter os 20 leitos durante o ano de 2022, segundo a presidente do hospital, Alir Terra. A entidade mantém o serviço desde o fim do contrato, mas vai fechar caso a prefeitura não aumente o repasse.

“Esse momento é para alertar os participantes desta audiência pública que nós estamos fazendo a nossa parte, mas essa saúde tem que ser sustentada pelo município de Campo Grande, porque é um desgaste muito grande para a Santa Casa em relação a um gasto que não é dela e ela tem o espaço, mas não é possível continuar dessa forma. Temos os cálculos e isso precisa ser visto com muito carinho, porque não sendo assim a Santa Casa vai ter que desabilitar esses leitos, porque não temos condições financeiras para manter com os gastos da filantropia que é de média e alta complexidade”, explicou Alir, durante audiência pública na Câmara Municipal da Capital.

Presidente da Santa Casa, Alir Terra, durante audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande. (Imagem: Reprodução/Youtube)
Presidente da Santa Casa, Alir Terra, durante audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande. (Imagem: Reprodução/Youtube)

O diretor de Estratégia e Negócios do hospital, João Carlos Machezan, contou que o secretário de Saúde, Sandro Benites, sinalizou que quer manter o serviço.

“O secretário pediu que a gente continuasse com o serviço. Acredito que ele tem intenção de fazer com que isso seja possível por meio de aumento desse repasse”, disse.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que em reunião prévia, ocorrida na última semana de janeiro, ficou decidida a prorrogação da prestação de serviço, enquanto é elaborado o termo aditivo para a contratualização dos leitos.

"Vale ressaltar que tudo o que estava previsto em convênio e que era de responsabilidade do município foi feito", diz a nota da Sesau, enviada pela assessoria de imprensa da prefeitura.

Nova lei - A audiência foi promovida pela Comissão Permanente de Saúde da Câmara, composta pelos vereadores Victor Rocha (presidente), Loester Nunes, Jamal Salem e Marcos Tabosa.

A discussão girou em torno da Lei Municipal de Saúde Mental, de autoria do vereador Victor Rocha, que visa estabelecer diretrizes da Rede de Atenção Psicossocial para Pessoas Acometidas de Sofrimento e Transtorno Mental, sancionada em janeiro deste ano.

“Chamamos todos os serviços relacionados hoje para discutir a lei, que foi um avanço muito grande. O que precisamos agora é agilizar esses serviços e diminuir o tempo de espera”, disse o vereador.

Durante a audiência, a presidente da Santa Casa destacou que é necessária a criação de mecanismos para que as legislações saiam do papel. “É a materialização que resolve a situação das pessoas. Precisamos de meios, materiais, profissionais e insumos, porque sem isso não vamos materializar essa lei”, pontuou Alir.

Representante de uma das entidades de recuperação de dependentes químicos, a missionária Rosa Neide Cardoso também reclamou da falta de recursos públicos para o serviço prestado pelas organizações.

“Trazemos isso aqui em audiência pública para vergonha do município. É com nosso próprio recurso que temos acalentado e solucionado a situação do transtorno mental. Quero salientar que nenhum usuário de droga quis provar. É porque ele teve uma família desestruturada e um transtorno mental de base evoluído para um quadro relevante. Sem ciência, sem matemática e psiquiatra. Tem um casal filha e filho recuperado. Tenho prova que a gente cura, a gente salva com nosso método de tratamento. Estamos a uma quadra e meio da rodoviária antiga, estamos ali na ‘cracolândia de Campo Grande’”, disse.

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