Com medo de morrer, traficante implora por notícia de apreensão de droga
Ligações foram feitas ao Campo Grande News, que confirmou apreensão de veículo, usado para roubo e também carregado de maconha
A redação do Campo Grande News recebeu entre a tarde quinta-feira e a desta sexta-feira (2) ligações telefônicas inusitadas, que evidenciam o medo imposto pelas facções criminosas atuantes dentro e fora dos presídios em Mato Grosso do Sul. Um jovem ligou, pelo menos quatro vezes, para avisar da apreensão de veículo com droga em frente a academia no Jardim Montevidéu, na região norte da cidade. O desespero tinha uma explicação: provar que a droga não havia sido roubada por integrante da quadrilha, para não ser morto.
Na última das ligações, no fim desta tarde, ele foi questionado se era o “dono” da droga. Disse que não, mas que estava tentando ajudar o primo, esse sim o responsável pela carga de entorpecente apreendida pela Polícia Civil.
Antes disso, diante dos primeiros contatos, a reportagem já havia apurado que realmente no local citado, havia sido encontrada abandonada uma picape Fiorino, mas o crime identificado foi o uso para roubo.
A perícia ainda não havia sido feita. O veículo foi levado para a Derf (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Roubo e Furto) sem abrir. Mais tarde, ficou confirmado, ainda segundo os levantamentos da equipe do Campo Grande News, que o carro realmente estava carregado de maconha.
De acordo com o rapaz que telefonou, são 200 quilos. A Polícia ainda não sabe a quantidade.
Ainda de acordo com a fonte, a droga pertencia ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e o rapaz envolvido precisava da publicação da matéria para provar que não havia sumido com o entorpecente. O medo, admitiu o interlocutor, é de que ele seja vítima do “tribunal do crime” da facção.
A vítima mais recente foi Bruno Schon Pacheco, 28 anos, encontrado degolado, em meio à mata no Jardim Centro Oeste, na semana passada. A apuração mostrou que ele integrava a facção e devia dinheiro de tráfico.