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Capital

Com onda de calor, ônibus vira forno e tem gente que prefere fazer trajeto a pé

Nem mesmo pela manhã os passageiros conseguem chegar ao trabalho sem suar

Por Geniffer Valeriano e Natália Olliver | 14/11/2023 15:11
Passageiros descendo de ônibus com garrafa na Avenida Afonso Pena, centro de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)
Passageiros descendo de ônibus com garrafa na Avenida Afonso Pena, centro de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

É tanto calor dentro dos ônibus da Capital que até ir a pé é opção melhor, avaliam alguns passageiros. Consenso entre os usuários, nunca uma reivindicação antiga foi tão necessária: o ar-condicionado. E nem pela manhã a situação melhora. Com temperatura na casa dos 30ºC logo cedo, difícil é chegar no trabalho livre do suor.

Nesta terça-feira (14), a reportagem do Campo Grande News percorreu as linhas 087 (Terminal Guaicurus/Terminal General Osório) e 082 (Terminal Aero Rancho/Shopping Campo Grande). Nos ônibus, passageiros carregavam garrafinhas de água e até mesmo toalhas para não ficar suado.

Apesar de estar acostumado a ficar grande parte do dia trabalhando sob o sol, o funcionário de uma fazenda, Valmir da Silva Gonçalves, de 30 anos, se arrependeu de recorrer ao transporte coletivo. “Lá fora tá melhor. Aqui é um forno, Deus me livre, eu prefiro andar a pé. Estou acostumado a ficar o dia inteiro no sol, mas acho que lá fora está mais fresco do que aqui dentro, porque lá está ventando e aqui dentro não tem nenhuma ventilação".

Para resistir ao calorão, a aposentada Maria Aparecida Passos, de 71 anos, saiu mais cedo de casa e pegou o ônibus às 7h30. “Ainda bem que esse não veio muito cheio, mas o outro, que peguei primeiro, estava lotado. Aí fica calor demais. Se eu pegar o 080, aí não tem como aguentar, ele vem muito cheio e fica muito quente”, comentou.

Antes das 8 horas da manhã, passageiro secava o suor do rosto causado pelo calorão (Foto: Natália Olliver)
Antes das 8 horas da manhã, passageiro secava o suor do rosto causado pelo calorão (Foto: Natália Olliver)

Na tentativa de conseguir evitar o calor a todo custo, a aposentada diz que faz de tudo para agilizar e terminar o que vai fazer no Centro antes das 10h. Depois desse horário, os veículos enchem e a temperatura que já é alta sobe mais ainda.

Outra que começou a adaptar a rotina para conseguir um pouco de refresco é a pesquisadora Enilda Camargo, de 50 anos. A mulher chegou ao ponto de ônibus às 6h30. A mudança chegou até em suas vestimentas, com roupas de tecidos mais leves começando a ser usadas com mais frequência.

O que mais dificulta o calor é a demora até chegar no ponto. Então você acaba ficando mais tempo parada em um calor de quase 40°C, bem desconfortável. O meu ponto é coberto, mas ele pega todo o sol, porque só tem a cobertura, mas o calor mesmo é dentro do ônibus, que é abafado e fechado”, disse.

Devido ao trajeto e o calor, Enilda diz chegar no trabalho cansada e exausta, além de muito suada. A entrevistadora também relata que mesmo no fim da tarde o transtorno é grande. “O pior horário mesmo é o retorno, às 18h, às 18h30, que tem muito mais gente e fica lotado. É muita gente que tem dentro do ônibus para respirar, fica ruim. Graças a Deus eu nunca passei mal, mas esses dias eu vi uma senhora no Terminal Bandeirantes que passou mal e foi socorrida pelo Samu”, contou.

Por ter quedas de pressão, Pedro Costa, de 25 anos, diz que andar de ônibus nessa onda de calor está sendo bem complicada. “Andar de ônibus nesse calor é terrível. Na semana passada, eu passei muito mal de calor, fora a hiper mega lotação. Chego todo suado, às vezes jogo uma água no rosto, mas é bem triste”, contou.

Para amenizar o calor, Crislaine Lima carrega garrafa com água gelada (Foto: Paulo Francis)
Para amenizar o calor, Crislaine Lima carrega garrafa com água gelada (Foto: Paulo Francis)

Sem ter um ponto coberto para esperar a chegada do coletivo, Crislaine Lima, de 35 anos, comemora que próximo de onde aguarda o ônibus há uma árvore, onde consegue se esconder do sol.

"Nossa, tem sido difícil esse calorão, só andando com água na bolsa pra aguentar e mesmo assim ela esquenta muito rápido, né? Acho que deveriam ter o ar-condicionado que prometeram. Há muito tempo, quando começaram a falar sobre, eu cheguei a pegar um deles, mas acho que só colocaram um, dois, e depois tiraram", disse.

A vendedora chega a dizer que o calor dentro do veículo é tanto, que deixou de se maquiar para ir trabalhar para evitar que chegasse na empresa "derretida".

Procurado pelo Campo Grande News, o gerente executivo do consórcio Guaicurus, Robson Strengari, informou que o consórcio tem 14 veículos que contam com climatizadores. Ainda foi dito que não há um horário específico para os veículos circularem.

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