Conselho Tutelar recebeu denúncia de fome e agressão antes de menina ser morta
Criança faltava às aulas e vivia cercada por usuários e traficantes de drogas dentro de casa, disse vizinha
Registros do Conselho Tutelar da Região Sul de Campo Grande revelam denuncia de que a menina de seis anos, vítima de estupro e assassinato, já havia sofrido maus-tratos antes de ser encontrada morta na madrugada desta quinta-feira (28), em uma casa na Vila Carvalho.
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Menina de seis anos, vítima de estupro e assassinato em Campo Grande, tinha histórico de maus-tratos. Registros do Conselho Tutelar revelam agressões físicas, ameaças e negligência. A criança, que morava com a mãe e o padrasto, apresentava sinais de desnutrição e vivia em ambiente exposto a drogas. O principal suspeito, Marcos Willian Teixeira Timóteo, foi morto pela polícia após resistir à prisão. Câmeras de segurança registraram a menina seguindo o suspeito horas antes do crime. A criança foi encontrada sem vida, com sinais de estupro, em uma casa abandonada na Vila Carvalho. O Conselho Tutelar e o Cras acompanhavam a família, considerada em situação de vulnerabilidade social.
Segundo os documentos, aos quais o Campo Grande News teve acesso, vizinhos falaram que a criança sofreu agressões físicas, incluindo um braço quebrado. Segundo os denunciantes, ela também não era devidamente alimentada, faltava à escola quando apresentava lesões e estava exposta a usuários e traficantes de drogas no ambiente doméstico.
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Em janeiro deste ano, durante atendimento odontológico acompanhado pela bisavó do padrasto, a menina relatou ter sido empurrada pela mãe, o que motivou encaminhamento ao serviço social. Em março, novo atendimento do Conselho Tutelar foi feito após denuncia de agressões físicas e psicológicas. A menina morava com a mãe, que também sofria agressões, e apresentava deficiência cognitiva comprovada por laudo médico, segundo a denúncia.
A família reside em um beco da Vila Carvalho, em casas pertencentes a familiares do padrasto, pai de uma criança de cinco meses e padrasto da vítima.
Na época em que ela recebeu atendimento do órgão, o padrasto, que trabalha com jardinagem, afirmou que as denúncias eram por causa de desentendimentos familiares e que a renda da família é limitada ao Bolsa Família. Ele disse que, apesar das dificuldades financeiras e da necessidade de acompanhar a esposa, que na época havia passado duas semanas internada por gestação de alto risco, o básico para as crianças estava sendo garantido.
Equipes do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Guanandi acompanham a família. Na época, no momento do atendimento, não foram identificados indícios de violação de direitos das crianças, apenas situação de vulnerabilidade social.
O caso - Nesta madrugada, o corpo da criança foi encontrado no banheiro de uma casa alugada na Avenida Joaquim Manoel de Carvalho, no Bairro Vila Carvalho. A vítima estava enrolada em um cobertor, dentro da banheira, apresentando sinais de estupro.
A residência, onde morava o principal suspeito, Marcos Willian Teixeira Timóteo, conhecido como “Gordinho”, apresentava sinais de abandono. A casa estava revirada e quase sem móveis. Em um dos cômodos havia apenas um pedaço de papelão no chão ao lado de uma pequena bacia, enquanto um móvel improvisado guardava um saco de ração de cachorro e, na cozinha, uma panela permanecia esquecida sobre o fogão.
Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que a menina saiu de casa na manhã de quarta-feira (27), na Vila Taquarussu, acompanhando Marcos Willian. Ele aparece de camiseta roxa, bermuda jeans e boné claro, atravessando a rua. A criança, de calça escura e camiseta branca de manga longa, o segue de perto. O trajeto até a casa da Vila Carvalho é de cerca de 2,4 km e teria sido feito a pé.
Os pais só deram falta da filha à tarde e, ao checarem as câmeras, reconheceram o suspeito. A Polícia Militar foi acionada e, horas depois, a menina foi localizada já sem vida.
Após o crime, Marcos Willian fugiu, mas nesta manhã foi encontrado na região do Inferninho, saída para Rochedo, em Campo Grande. Ele teria resistido à abordagem e, então, acabou sendo baleado por policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigações). Os policiais o levaram até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Almeida, mas ele não resistiu e morreu.
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