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Capital

Decisões judiciais surpreendem famílias de 2 Mayaras assassinadas

Juiz que assumiu a 2ª Vara do Tribunal do Júri acatou pedidos das defesas e alterou rumo dos julgamentos

Izabela Sanchez | 18/07/2018 16:02
Mayara Holsback e Mayara Amaral (Reprodução)
Mayara Holsback e Mayara Amaral (Reprodução)

Decisões recentes da Justiça de Mato Grosso do Sul sobre dois casos rumorosos de feminicídio em Campo Grande surpreenderam, negativamente, as famílias das vítimas, Mayara Amaral, musicista morta em julho do ano passado, aos 27 anos, e Mayara Fontoura Holsback, assassinada em setembro de 2017, aos 18 anos.

A primeira decisão, do dia 9, acatou pedido da defesa e determinou que Luís Alberto Bastos Barbosa, de 29 anos, réu confesso do assassinato de Mayara Amaral, seja submetido a exames de insanidade mental. O outro despacho, de segunda-feira (16) suspende, também a pedido do advogado, o júri de Roberson Batista da Silva, 33 anos, igualmente réu confesso pela morte da outra jovem.

Para a mãe de Mayara Amaral, Ilda Cardoso, 51, é “impossível” que qualquer perito declare que Luíz Alberto sofre de transtornos mentais, por isso o pedido do exame provoca revolta. “Eu não concordo com a decisão. Em momento nenhum ele demonstrou ter problemas, não tem como ele ter de última hora”.

“Eu espero que essas pessoas não façam uma loucura dessas. Só por que ele assassinou a Mayara ele é um doente?”, questiona. Irmã de Mayara, Pauliane afirma que “é o único recurso que ele tem”. “É o único recurso que ele tem, porque ele foi pego com as coisas dela. O que me admira é o juiz aceitar”.

A decisão é do juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Carlos Alberto Garcete de Almeida, que está substituindo o titular da 2ª Vara, Aluizio dos Santos, em férias. No caso do júri cancelado, ele atendeu pedido do advogado Ilton Hashimoto, alegando falta de intimação de uma testemunha imprescindível e que ele fará uma cirurgia. 

Para o pai de Mayara Fontoura, Ademir de Souza Holsback, 44, a decisão adia, ainda mais, um caso que já se arrasta.

“Ele está achando que vai conseguir alguma coisa. Podia ter desenrolado logo, já adiou, ele tem que ser julgado logo, a gente viveu isso demais. Ficar adiando, pra mim não é um julgamento trabalhista, é o julgamento de uma vida, mas a gente não manda na Justiça. Ele [Roberson] é um monstro”.

Casos - Mayara Amaral foi morta a golpe de martelo no dia 25 de julho do ano passado. Dois dias depois Luís foi preso e o caso enviado à justiça. Foi então que uma verdadeira batalha para decidir por qual crime o autor seria julgado começou. No dia 15 de maio veio a decisão, o suspeito seria julgado por homicídio duplamente qualificado. A primeira audiência do caso aconteceu no início deste mês e ouviu testemunhas de acusação.

Mayara Holsback foi morta na própria cama. O réu desferiu uma cabeçada no rosto da vítima, segurou os braços dela e a golpeou com uma tesoura. Mayara foi atingida por três golpes, todos no pescoço e todos fatais. Robinho ficou foragido por 51 dias e se apresentou na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) na tarde do dia 6 de novembro. Ele permanece preso e foi denunciado por feminicídio.

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