Denúncia à polícia aponta vacinação em massa no gabinete de Bernal
Sem conseguir vacina contra o vírus H1N1, causador da gripe A, para a sobrinha de 22 anos que está em tratamento contra câncer, o jornalista Carlos Roberto Pereira registrou boletim de ocorrência por peculato contra a Prefeitura de Campo Grande, denunciando a vacinação indevida de 35 pessoas no gabinete do prefeito, Alcides Bernal (PP).
Carlos conta que no dia 18 de maio levou para vacinar a sobrinha que recentemente passou por uma cirurgia e iria iniciar o tratamento quimioterápico. Porém, ao chegar no posto de saúde foram informados que não havia mais doses na rede municipal.
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“Ela esperou por mais de quatro horas, com pontos na barriga, enquanto a família procurava também em outros postos de saúde”, relata Carlos. No mesmo dia, ele conta que teve conhecimento de que 35 pessoas foram imunizadas no gabinete do prefeito, dentre elas o próprio prefeito, secretários, assessores, dois vereadores, familiares e cônjugues.
O jornalista, que alega ter reunido provas, registrou boletim de ocorrência na última sexta-feira, dia 3, e formalizou denúncia nos Ministérios Público Estadual e Federal, com a relação de nomes de pessoas que teriam sido imunizadas no gabinete. No documento, Carlos denuncia, ainda, que a vacinação indevida foi facilitada pela chefe do setor de vacinação da Prefeitura e invoca o princípio de igualdade previsto pela Constituição Federal. Enquanto isso, a jovem permanece sem imunização.
Às 15 horas, o jornalista irá prestar depoimento sobre o caso no 1º Distrito Policial de Campo Grande. Ao Campo Grande News, a prefeitura alegou que Carlos “tem motivação política, inclusive esteve na Câmara Municipal fazendo denúncias contra o prefeito sem nenhuma comprovação”.
A Prefeitura diz que não há fundamentos para a denúncia e aponta “onda de boatos sobre sumiço de vacinas” lembrando que foi instaurada sindicância pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para apurar o caso. Recentemente, a reportagem do Campo Grande News mostrou a vacinação de grupos não prioritários, falha apontada inclusive pelo governo estadual como responsável pela falta da doses para que todos que integram o grupo de risco fossem imunizados.
A Sesau não explicou onde estão pelo menos três mil doses, diferença entre o volume repassado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) e a cobertura vacinal.