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Capital

Descrita como fria pelo Gaeco, principal investigada de operação sai da cadeia

Decisão unânime do Tribunal de Justiça substitui prisão preventiva por domiciliar com tornozeleira

Por Gabi Cenciarelli | 21/12/2025 08:36
Descrita como fria pelo Gaeco, principal investigada de operação sai da cadeia
Lana da Silva Gonçalves, de 26 anos, e Kleyton de Souza Silva, o “Tom”, de 37: os principais alvos a Operação Blindagem (Foto: Reprodução dos autos de processo)

Descrita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) como fria, sádica e peça-chave de uma organização criminosa, Lana da Silva Gonçalves, de 26 anos, deixou o presídio neste sábado (20) por decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e passou a cumprir prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica e uma série de restrições. Ela é apontada como uma das principais investigadas da Operação Blindagem, que apura tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e extorsões comandadas de dentro de presídio.

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Lana da Silva Gonçalves, de 26 anos, investigada na Operação Blindagem por tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e extorsões, deixou o presídio neste sábado (20) para cumprir prisão domiciliar. A decisão foi tomada pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Apontada pelo Gaeco como peça-chave de uma organização criminosa, Lana é acusada de administrar dinheiro da quadrilha, emprestar nome para bens de alto valor e participar de esquemas de lavagem de dinheiro. Ela deverá usar tornozeleira eletrônica e está proibida de manter contato com outros investigados.

Lana estava presa desde o cumprimento de mandados da operação, deflagrada em novembro, e teve a saída autorizada após decisão unânime da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Com isso, ela saiu fisicamente da cadeia, mas continua presa, agora em casa, sem poder sair sem autorização judicial e proibida de manter contato com outros investigados.

“Não é figura secundária”, diz Gaeco - Na investigação, a instituição sustenta que Lana não era coadjuvante, mas parte ativa do núcleo do crime. Segundo os promotores, ela administrava o dinheiro da quadrilha, fazia pagamentos e recebimentos, emprestava o nome para bens de alto valor, contas bancárias e empresas de fachada, ajudando a lavar o dinheiro obtido com o tráfico e as extorsões.

Interceptações telefônicas citadas na investigação reforçam essa tese. Em diálogos atribuídos à investigada, Lana teria demonstrado satisfação com a violência empregada pelo grupo, rindo e incentivando ações contra vítimas de extorsão. Em uma das conversas, ao receber imagem de um homem sob a mira de uma arma, ela respondeu: “Eita coisa boa”.

Descrita como fria pelo Gaeco, principal investigada de operação sai da cadeia
Em outras troca de mensagens interceptada, investigada diz "coisa boa" ao ver homem sob a mira de arma (Foto: Reprodução dos autos de processo)

Para o Gaeco, a atuação dela fora do presídio seria estratégica. Os promotores defenderam que, em organizações criminosas estruturadas, a atuação fora da cadeia pode ser tão ou mais relevante que a de quem está preso, motivo pelo qual pediram a manutenção da custódia.

Defesa cita decisões semelhantes e critica base da investigação - A defesa de Lana, feita pelos advogados Marcos Ivan e Marianne Garcia, sustenta que a decisão do Tribunal segue o mesmo entendimento aplicado em outros casos ligados à operação. Segundo os advogados, a investigada é mãe de criança menor e se enquadra nos critérios legais para a substituição da prisão.

“O Tribunal reconheceu que se trata de uma mãe de criança menor e aplicou o mesmo entendimento já adotado em outro caso da operação. A decisão foi unânime e demonstra que as prisões se baseiam em elementos antigos, como um celular apreendido há mais de três anos”, afirmou o advogado Marcos Ivan.

Ele também questiona a base que deu origem à investigação. “Toda a apuração se sustenta, essencialmente, em informações antigas e em um aparelho celular encontrado há mais de três anos na cela de um preso. A partir disso, foi criada uma operação para prender várias pessoas”, declarou.

Decisão contrariou o Ministério Público - No julgamento do habeas corpus, a Procuradoria-Geral de Justiça se manifestou contra a concessão da prisão domiciliar. Ainda assim, os desembargadores entenderam que, no caso específico, a decisão que mantinha Lana presa não individualizou condutas nem apontou participação direta dela em crimes cometidos com violência.

A decisão não absolve a investigada nem encerra o processo. Lana deverá permanecer recolhida em casa, usar tornozeleira eletrônica, não manter contato com outros alvos da investigação e cumprir todas as ordens judiciais. O descumprimento pode levar ao retorno imediato ao presídio.