Dor e silêncio: família se despede do jovem morto em caso suspeito de metanol
Investigação recolheu garrafas em mercado e conveniência próximos à casa da vítima no Jardim Nashville
O clima foi de comoção e revolta no velório do Matheus Santana Falcão, de 21 anos, que morreu após passar mal e ser atendido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário, em Campo Grande. O caso é investigado pela Polícia Civil como a primeira morte em Mato Grosso do Sul com suspeita de intoxicação por metanol em bebida alcoólica adulterada.
RESUMO
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O jovem Matheus Santana Falcão, de 21 anos, foi velado em Campo Grande em meio à comoção de familiares e amigos. Sua morte está sendo investigada pela Polícia Civil como possível primeira vítima de intoxicação por metanol em bebida adulterada em Mato Grosso do Sul. O caso gerou revolta entre familiares, que relatam possível negligência no atendimento na UPA Universitário. A polícia recolheu garrafas de bebidas alcoólicas de estabelecimentos próximos à residência da vítima e aguarda resultados de exames laboratoriais para confirmar a causa da morte.
Na tarde deste sábado (4), cerca de 30 pessoas acompanharam a despedida, marcada pela presença de vizinhos e familiares próximos. A mãe, que já havia dado entrevista ao Campo Grande News na sexta-feira, preferiu não falar desta vez, mas foi acolhida por vizinhos e parentes.
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Entre os familiares, a aposentada Antônia Duarte, 58 anos, tia do rapaz, descreveu o sobrinho como alguém reservado, mas afetuoso com a mãe e os parentes. “Era um ótimo guri. Nunca brigou, respeitava todos. Ele era caseiro, só saía com a mãe para o mercado. Um menino muito novo, com 21 anos. A gente não sabe o que aconteceu, mas ele era uma pessoa muito boa”, afirmou.
Paulino Alves da Silva, 57 anos, pintor e amigo da família, lembrou da semelhança entre o destino do jovem e o do pai, que também teve problemas relacionados ao consumo de álcool. Ex-dependente químico, ele aproveitou para deixar um alerta.
“Hoje em dia está difícil: a juventude procura preencher um vazio com bebidas e drogas. Só que o caminho não é esse. Matheus poderia ter tido outro destino. Infelizmente, foi levado tão cedo. O recado que eu deixo é que só existe um caminho para mudar de vida: buscar a Deus e se afastar desse ambiente”, disse.
Uma vizinha, auxiliar de cozinha de 48 anos, contou que já passou por situação semelhante na mesma unidade de saúde onde o jovem morreu. Segundo ela, pacientes usuários de álcool ou drogas enfrentam descaso no atendimento.
“Meu filho já ficou dias esperando vaga na UPA. Já vi gente morrer ali porque não tinha familiar para ajudar. Quando percebem que a pessoa tem histórico de bebida, mandam esperar. São seres humanos também. A mãe desse menino pediu ajuda, mas foi descaso. Eu entendo a dor dela, porque já passei por isso”, relatou.
Investigação - O caso segue em investigação pela Polícia Civil, que recolheu garrafas de cachaça e vodka vendidas em estabelecimentos próximos à casa do jovem, no Jardim Nashville. Amostras de sangue e urina foram encaminhadas para análise laboratorial, que deve confirmar se houve intoxicação por metanol.
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