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Capital

"Ele tratava até bem demais a Karolina", diz pai de assassino

Messias Cordeiro é acusado de assassinar a tiros Karolina Silva Pereira e o amigo dela, Luan Roberto

Por Bruna Marques e Ana Beatriz Rodrigues | 24/04/2024 11:00
Elio Rocha, pai do réu, chegando para ser ouvido como testemunha de defesa (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)
Elio Rocha, pai do réu, chegando para ser ouvido como testemunha de defesa (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)

Elio Rocha Dias da Silva, pai de Messias Cordeiro de Lima, acusado de matar a ex-namorada Karolina Silva Pereira, 22 anos, e o amigo da moça Luan Roberto de Oliveira, 24, disse durante interrogatório no Tribunal do Júri que achava que o filho tratava “até bem demais” a vítima, na época em que namoravam. O homem tem passagem pelo assassinato de uma ex-mulher. O crime ocorreu na década de 1990.

Questionado sobre a relação de Messias, Elio relatou que o rapaz sempre foi um bom filho. “Trabalhava, estudava, era inteligente. Pra mim ele tratava até bem demais a Karolina", declarou.

Sobre o dia do crime, Elio disse que soube da morte dos jovens através da mãe de Messias. “A mãe dele me contou que ele tinha tirado a vida de dois, quando eu o encontrei estava meio desorientado, falando que queria se matar também aí peguei a arma dele e escondi, tinha duas balas picadas [falhada]. Ele estava muito transtornado, aí não perguntei muita coisa quando peguei ele”, alegou.

Elio expôs em plenário que já foi preso por matar uma mulher. "Fui preso por conta de um homicídio [pausa dramática] de uma mulher. Não lembro se conversei com ele sobre isso", comentou.

Fichado - Elio ajudou Messias a se esconder da polícia, na época do crime e acabou sendo preso por porte ilegal de arma, uma espingarda calibre 22, encontrada na chácara onde mora, no Bairro Chácara das Mansões.

Processo aberto em 2012 por falsidade ideológica conta um pouco da história de Elio, que passou a usar o nome de Elson na década de 80 e mudou seus documentos.

A ação para nulidade de registro de nascimento encaminhada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul revela que, em 3 de outubro de 1980, ele foi até um cartório em Campo Grande e inseriu em sua certidão de nascimento o nome de Elson Rocha Dias da Silva e, três anos depois, em janeiro de 1983, alterou sua certidão de casamento para incluir o nome acima citado.

Já em novembro de 1984 e então em outubro de 1987, registrou a paternidade de dois filhos com o nome falso e, em março de 1989, tirou o RG (Registro Geral) em nome de Elson. Já em 1990, ele matou uma ex-mulher e depois de saber que havia mandado de prisão contra si em nome da falsa identidade, acabou indo para a cidade de Ji Paraná, em Rondônia, onde começou a usar seu verdadeiro nome.

Foi então que ele casou novamente e teve três filhos, todos registrados em seu nome de nascimento. O caso só foi descoberto porque em 2011 a mãe desses três últimos filhos o denunciou por violência doméstica e contou que Elio tinha duas identidades. Em busca e apreensão na casa dele, em Campo Grande, a polícia encontrou documentos com os dois nomes.

Pelo homicídio ele foi preso apenas em 2003 e em 2009 entrou em regime condicional. No ano de 2011, foi fichado novamente a acabou ficando preso por violência doméstica.

Messias Cordeiro de Lima sentado no banco dos reús (Foto: Marcos Maluf)
Messias Cordeiro de Lima sentado no banco dos reús (Foto: Marcos Maluf)

Júri - Messias está sendo julgado na manhã desta quarta-feira (24), em sessão presidida pelo juiz Aluísio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. Ele é acusado de matar a tiros a ex-namorada Karolina Silva Pereira, 22 anos, e ao amigo dela Luan Roberto de Oliveira, 24, no dia 30 de abril, um domingo, na porta da casa da moça, no Jardim Colibri, em Campo Grande.

A defesa do réu está a cargo dos advogados Caio César Pereira de Moura Kai, Keily da Silva Ferreira e Antony Douglas da Silva Martines. Atuarão na acusação o promotor de justiça Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos, o assistente Osni Moreira de Souza e Roberto Carlos da Silva.

A banca de jurados foi composta por cinco homens e duas mulheres. A defesa do réu dispensou três mulheres e aceitou apenas uma.

Crime - As duas vítimas eram colegas de trabalho, ele como motoentregador de uma pizzaria, localizada no Bairro Guanandi, onde ela havia sido contratada uma semana antes do crime. O rapaz se ofereceu para levar a moça até a casa dela, por ser perigoso que ela voltasse sozinha de madrugada.

Luan foi atingido no tórax, socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não resistiu e morreu no local. Karolina foi ferida por dois tiros, um deles quando estava de costas, correndo do assassino. Ela foi atingida no crânio, chegou a ser intubada na viatura de socorro e levada à Santa Casa em estado grave, onde morreu dois dias depois.

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