Em aldeia urbana, casas são entregues até sem banheiro e porta
Moradora relata que família usa banheiro do vizinho "emprestado" enquanto situação não é resolvida
Moradores da Aldeia Urbana Água Bonita, região norte de Campo Grande, dizem que receberam casas sem portas e banheiros. Relatam ser a segunda fase da entrega das moradias feitas pela Agehab (Agência Estadual de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul), mas foram surpreendidos ao receberem as chaves dos imóveis antes de serem concluídos.
No local moram famílias das etnias terena e guarani-kaiowá. Conforme relatado pelos moradores, a primeira entrega foi realizada ainda na pandemia e não houve nenhum problema. Nesta segunda fase, 43 casas estão sendo entregues até a próxima quinta-feira (28).
As famílias ainda afirmam que, ao questionarem os problemas, foram orientadas a fazerem os reparos por conta própria.
Há 23 anos na região, Laucídio Nelson mora na aldeia junto com a filha e a esposa. Dos entrevistados pela reportagem, ele foi o único que já se mudou para o imóvel recebido. Os vizinhos ainda continuam morando de favor ou nos barracos que ainda não foram desmontados.
Laucídio conta que para complementar a renda trabalha de segurança em uma chácara. Esperançoso com o recebimento da sua casa própria, o morador relata ter se decepcionado. “Tá faltando tudo. Quem é indígena ficou para trás e o indígena não conseguiu. Queremos saber o que vão fazer. Entregaram todas as casas da primeira leva tudo perfeito, agora virou farinha”, disse.
A esposa do segurança, Leda Rodrigues, de 43 anos, relata que a filha de 23 anos recebeu a casa sem itens básicos de higiene, como a pia e o vaso sanitário. A atendente de supermercado precisou desembolsar R$ 150,00 para contratar um pedreiro que realizasse a instalação.
Mãe solo, Mariana Silva, de 42 anos, mora no local junto aos quatro filhos. Sem falar português, a mulher precisou da ajuda da vizinha Leda para conseguir expor os problemas de sua residência.
Dentre as reclamações, a principal é acerca da falta de um banheiro na casa. Para conseguir fazer as necessidades fisiológicas, a família precisa pedir para os vizinhos “emprestarem” o banheiro. No seu imóvel ainda faltam portas, energia e fechar a fossa que atualmente fica exposta ao sol.
Horácio Afonso, de 48 anos, diz que na casa que recebeu os trabalhos ainda estão sendo terminados, mas que foi informado que não há mais material para concluir as obras. “Fiz um barraco e estou morando ali até tudo se organizar. Vim pra cá faz 10 anos, fizemos uma espécie de assentamento. Começamos a construir a casa e sábado devem me entregar a casa. Estamos esperando um lote pra morar, agora, tirar do bolso pra pagar não tem como”, contou.
A reportagem entrou em contato com a Agehab (Agência de Habitação Popular do Estado de Mato Grosso do Sul) para falar do assunto, mas até o momento não recebeu nenhum retorno. O espaço segue aberto.
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