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Capital

Em busca de comida, bando de quatis “saqueia” lixeira e surpreende entregador

Aparição causou preocupação em biólogo que alerta sobre não se aproximar de animais silvestres

Por Natália Olliver | 30/04/2024 10:39

Felipe André Batista Oliveira, de 31 anos, foi surpreendido com a aparição de um bando de quatis, no bairro Vila Sílvia Regina, em Campo Grande. Os animais “saquearam” a lixeira de uma residência em busca de alimentos. O registro foi feito na tarde desta segunda-feira (29).

O entregador de materiais de construção conta que nunca tinha visto tantos quatis fora dos parques da cidade. “Estava fazendo uma entrega próxima ali e parei pra almoçar na sombra, perto de um córrego ali, e de repente eles surgiram, tinham mais de 20”.

Animado com a aparição, Felipe decidiu fazer barulho com embalagens de plástico para se aproximar dos animais, pois queria fazer carinho nos bichos. Embora Felipe não soubesse, a atitude é reprovada por biólogos e pode, inclusive, ser passível de multa quando o animal é alimentado.

“Não sabia que eles eram tão carinhosos assim. Na imagem mostra eu fazendo um barulhinho com um plástico, mas foi somente pra chamar atenção deles, pra eles chegarem perto. Não alimentei eles.”

O biólogo Sérgio Barreto explica que a cena preocupa, justamente pela aproximação dos animais com o ser humano. Conforme o profissional, o ato pode trazer danos tanto ao quatis quanto às pessoas.

“Não é comum ter essa proximidade. Temos eles nos parques, em fragmentos de mata que facilitam a visualização. Essa cena realmente nos deixa preocupados, essa interação de humanos com animais silvestres, a gente lembra que isso pode trazer grandes danos e que essa oferta de alimento pode ser caracterizada como crime ambiental até mesmo de maus-tratos. As pessoas têm que tomar bastante cuidado. A questão da aproximação, não causar nenhum tipo de estresse.”

Felipe tentando fazer carinho em animal silvestre (Foto: Reprodução vídeo)
Felipe tentando fazer carinho em animal silvestre (Foto: Reprodução vídeo)

Para o biólogo, a presença dos animais no bairro pode estar associada à degradação do habitat natural dos bichos, devido à expansão e urbanização de áreas verdes. Já a alimentação nas lixeiras pode ser explicada pela “comodidade” em ter acesso a outros alimentos de maneira rápida.

“Quanto mais as pessoas vão invadindo o território, a cidade vai crescendo, mais faz com que tenhamos essa interação. Não que ele [quati] não esteja tendo a disponibilidade alimentar em áreas nativas, mas quando temos um recurso 'mais fácil’, os animais acabam se associando a essa situação. E isso é um risco porque esses alimentos podem prejudicar a saúde desses animais, como por exemplo o sal e o açúcar.”

Lei e multa - Na Lei 5.673, de 8 de junho de 2021, que aborda sobre a Proteção à Fauna no Estado de Mato Grosso do Sul, prevê que é considerado maus-tratos “oferecer alimento sem autorização do órgão responsável a animais silvestres em vida livre, nas áreas públicas, privadas e Unidades de Conservação”.

Ela ainda prevê multa que varia de 20 a 200 Uferms, hoje cotada em R$ 41,95. Assim, a multa aplicada pode variar de R$ 839,00 a R$ 8.390,00 por animal.

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