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Capital

Em dia de festa, índios que pedem casas levam “bolo” de prefeito

Kleber Clajus | 27/04/2014 15:41
Comunidade tem 50 famílias vivendo em barracos improvisados (Foto: Marcelo Victor)
Comunidade tem 50 famílias vivendo em barracos improvisados (Foto: Marcelo Victor)
Além de moradias, cacique cobra Ceinf e escolas para atender os moradores (Foto: Marcelo Victor)
Além de moradias, cacique cobra Ceinf e escolas para atender os moradores (Foto: Marcelo Victor)

O prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), não cumpriu agenda prevista para este domingo (27) nas comemorações alusivas ao Dia do Índio da Comunidade Darcy Ribeiro, Bairro Noroeste, em Campo Grande. No local, o principal pleito é por moradias para 50 famílias que vivem em barracos improvisados.

De acordo com o cacique da comunidade, Vânio Lara, 47 anos, a data comemorativa aos indígenas não deve se restringir apenas a um dia, mas contemplar um mês inteiro. Ele ressaltou que a visita do prefeito possibilitaria mostrar que o povo terena não perdeu sua tradição e que precisa de “mais atenção”. No local residem 100 famílias,  uma média de 500 pessoas.,

A organização do evento chegou a atrasar o início em uma hora, porque havia a confirmação da ida do prefeito, que também foi feita por sua assessoria de imprensa ao Campo Grande News, mas Gilmar Olarte acabou não comparecendo.

“Hoje estamos à mercê. Temos 50 famílias em casas improvisadas e o Ceinf (Centro de Educação Infantil) não atende a necessidade do Noroeste, quanto mais a nossa em que temos 300 crianças”, comentou Vânio.

Nas casas de madeira, cobertas em parte por lonas, mora Neusa Gomes da Silva, 38 anos, que aguarda há cinco anos uma moradia digna para a família composta pelo marido os filhos de 2, 10, 11 e uma menina de 15 anos.

“Meu sonho é uma casa, porque aqui quando chove molha tudo. É difícil e não dá para alugar, pois é muito caro”, contou Neusa.

Sonho de moradora é poder morar em "casa de verdade" junto com a família (Foto: Marcelo Victor)
Sonho de moradora é poder morar em "casa de verdade" junto com a família (Foto: Marcelo Victor)
Jovens da comunidade realizaram danças de "boas-vindas" à Copa do Mundo (Foto: Marcelo Victor)
Jovens da comunidade realizaram danças de "boas-vindas" à Copa do Mundo (Foto: Marcelo Victor)

Envolvida com a causa indígena, a advogada Djanir Correia Barbosa explicou que as lideranças já conseguiram uma reunião com a prefeitura, na semana passada, onde solicitaram também escolas mais próximas. O encontro ocorreu com Cezar Afonso, assessor de Olarte na Prefeitura, e uma nova audiência aguarda agendamento.

Mesmo com múltiplas demandas, a comunidade se uniu hoje para comemorar suas tradições através das danças Siputrema, de boas vindas, e do Kohixoti Kipaé, ou da Ema. As festividades visavam também “dar boas-vindas” à Copa do Mundo.

Um dos mais velhos presentes ao local, Paixão Delfino, 83 anos, aproveitou o momento para fazer um lembrete aos jovens: “nunca deixe de estudar a cultura e falar sua língua”.

Ainda durante o evento, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem ao cacique da Aldeia Cachoeirinha, Maurício Pedro, que faleceu em 19 de abril, data em que se comemora o Dia do Índio.

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