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Capital

Em meio à epidemia, Prefeitura reduz limpeza urbana em 80%

Aline dos Santos | 21/12/2015 12:49
Pessoal da Solurb em serviço de roçada, parcialmente suspenso pela Prefeitura (Gerson Walber / Arquivo)
Pessoal da Solurb em serviço de roçada, parcialmente suspenso pela Prefeitura (Gerson Walber / Arquivo)

Enquanto o Aedes aegypti ganha força e pode ser protagonista de uma tríplice epidemia neste Verão, a limpeza urbana foi reduzida em 80% por ordem da Prefeitura de Campo Grande. A determinação de restringir o serviço à região Central veio em 22 de outubro, poucos meses antes janeiro, quando é esperado o pico dos casos de dengue – além da doença 'tradicional', o mosquito que se reproduz em água parada também é transmissor do zika vírus e chikungunya.

De acordo com o superintendente executivo do Consórcio CG Solurb, Elcio Terra, serviços de varrição de ruas, capina e limpeza de boca de lobo foram reduzidos a quatro setores da cidade. Até então, eram executados em 58 áreas.

Ele exemplifica que grandes regiões deixaram de ser atendidas, como Autonomista, Santa Fé, Carandá, Mata do Jacinto, Nova Bahia, Coronel Antonino, Tiradentes, Marcos Roberto, Taveirópólis, Vila Bandeirantes.

“Quando deixa de varrer, acaba ficando copo descartável, tampinha, o que pode acumular água. Acaba contribuindo com o mosquito. Sem a roçada e capina também acumula lixo e água. Acaba sendo insensata essa decisão”, afirma o superintendente.

Elcio afirma que a limpeza de boca de lobo é ação preventiva no combate a enchentes. Mas, com a suspensão, a prefeitura só solicita o serviço quando a chuva forte já provocou alagamento. Como no caso do temporal de 5 de dezembro. “Teve pontos de alagamentos e teve que trabalhar no domingo para atender as demandas. Mas, na verdade, esse é um serviço de prevenção”, diz.

O consórcio, que venceu licitação bilionária para gestão dos resíduos sólidos na Capital, informa que não recebe pelos serviços de limpeza desde junho e o débito da prefeitura chega a R$ 15 milhões, considerando somente varrição, capina e limpeza de boca de lobo.

Com a restrição dos serviços, a empresa não descarta demissões. “Se for mantido, provavelmente vai haver 150 demissões”, afirma Elcio. A coleta do lixo domiciliar não sofreu alterações.

Folga – Com 9.774 notificações de dengue neste ano em Campo Grande, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) espera que o pico da epidemia cheque na segunda quinzena de janeiro. Neste Verão, também há o agravante da chikungunya, cujo diferencial é o avanço sobre as articulações, e zika vírus, relacionado ao aumento dos casos de microcefalia em bebês.

As “novidades” levaram o MPE (Ministério Público Estadual) a abrir inquérito civil para apurar implementação de medidas de prevenção da microcefalia. Contudo, a questão da redução da limpeza em área urbana, divulgada nesta segunda-feira, deve ficar para depois da folga de fim de ano. O recesso forense termina em 7 de janeiro.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério Público, a atenção com o tema se mostra na abertura de inquérito, reuniões e o projeto de campanha para conscientizar a população.

Também foi encaminhado à reportagem uma nota técnica em que quatro procuradores sugerem, diante da urgência e da gravidade, a abertura de inquérito civil para acompanhar a execução de políticas públicas municipais no combate ao mosquito Aedes aegypti. O documento é de 14 de dezembro.

Tendas – Montadas como reserva técnica para ampliar leitos para atendimento de pacientes com sintomas da dengue, tendas do Exército permaneceram fechadas ontem por falta de profissionais e por problemas no ar-condicionado. A situação perdura há mais de uma semana. As estruturas estão nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) do Universitário e Vila Almeida.

Outro lado – A reportagem solicitou informações à assessoria de imprensa da prefeitura, mas não obteve reposta. O Campo Grande News não conseguiu contato com a o titular da Seintrha (Secretaria de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Amilton Cândido de Oliveira. Ele assina o ofício 1.223, que determinou a redução dos serviços de limpeza da CG Solurb.

Confira a galeria de imagens:

  • Praça no Carandá Bosque, onde foi feito o trabalho de limpeza (Fotos: Divulgação)
  • Em outros locais, como no Tiradentes, o mato cresce e falta manutenção
  • Praça no Carandá, por outro ângulo
  • No Jardim TV Morena, mato cresce e espanta frequentadores
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